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segunda-feira, 9 de julho de 2012

A pneumonia




Novamente  em casa, depois de todo esse tempo fora, fiquei sabendo que o pai da garota que bateu meu carro tinha pagado, tenho dúvidas mas acho que nesse tempo em que mudou a moeda, terminamos por ter prejuizo, porque o cara disse, “vou dar só três mil,” é o que posso então o carro não valia isso. Kelly pegou e aplicou, os juros rodavam em torno de dezesseis por cento, logo ajuntamos mais um pouco e compramos um Monza de quatro portas, vidros  elétricos lindo... Ficamos felizes com pequenas coisas...

Agora, Kelly estava  namorando sério, trabalhava no Praia Clube e dava aulas em sua escola de natação. A tendência era ir morar em São Paulo, eu morando longe sem ninguém para me levar nos lugares, nem buscar-me no grupo de oração, então Sandra me deu um pacote de aulas de autoescola, e disse-me aprenda a dirigir e acaba  com o problema... Assim comecei, mas não levava jeito nunca tive interesse por volantes, mas fui tentando, um mês, dois, três. Depois parava uns três meses, começava de novo...
Tinha dia que estava ótima, noutros subia nos passeios, no fim de um ano consegui, agora sim, pensei sou independente... O carro não podia ficar sem seguro, batia demais...

Depois de algum tempo, Kelly aluga a escola, fica só com o Praia, depois fica  grávida e muda-se para São Paulo, Nasce Silvinho, cara do pai, parecia miniatura do Silvio Teixeira, o parto foi antecipado, quando cheguei já tinha nascido, todas as atenções estavam ali, naquela criaturinha frágil.
Cresceu rápido, esperto e forte, os pais cercaram de carinho, ele era muito bom, só chorava quando tinha fome, mas tudo cronometrado e anotado a mãe tinha sempre um papel e uma caneta por perto não descuidava um momento, as  mamadas tinham o tempo certo.

Silvinho, ainda não tinha dois anos nasceu Victor, bem branquinho, cabelinho louro esse era a mãe, a cara... Silvinho, o pai levava para visitar a mãe no hospital, não avisamos pra ele que o irmão tinha chegado para evitar ciúmes, foi ver no momento de ir pra casa, então ficou feliz... Mas não podia descuidar um minuto... Queria carrega-lo dar brinquedos, era um Deus nos acuda.

Como já escrevi, o meu  pai agora morava com Ângela, na casa dele estava José Carlos, que tinha vindo morar em BH, Lourdinha, também já tinha comprado seu apartamento, também Lucia, trabalhava na Mina do Morro Velho, e comprou para ela um apartamento no centro, eu demorava a ir lá para vê-los, também demoravam vir aqui, sempre muitas ocupações Minha irmã Tânia havia ficado viúva, Francisco, sofrera um aneurisma e teve morte instantânea, foi um grande susto para todos, era ainda moço cheio de saúde, alimentação saudável vida metódica não tinha o porquê aquele aneurisma, mas aconteceu, foi inevitável.
Tânia com os dois filhos adolescentes precisou enfrentar os negócios, foi pega de surpresa jamais ela teria pensado que isso pudesse acontecer, agora os filhos  já crescidos, formados, Fazem todo esforço para tocar a empresa, para eles o desconhecido... Pois são muito jovens e não estavam preparados para essa responsabilidade, é uma grande prova para eles, mas como dizem que o ouro é purificado com fogo no cadim, depois desta  ficarão prontos para a vida. O papai ficou morando com Ângela por um bom tempo, Depois Lurdinha levou para morar com ela no apartamento, pensei que ele não fosse gostar por se tratar de pouco espaço, mas não aconteceu o esperado... Ele gostou muito de ficar lá. Atualmente está com a Tânia a casa é grande tem bastante espaço e tem sempre alguém que cuida dele, ou melhor, alguém para fazer companhia e ajuda-lo a tomar banho e refeições na hora certa, ele não reclama de nada tudo pra ele está bom, é um amor de pessoa...
Lívia casou-se com André, Henrique namorando Lorena, menina bonita, formam um belo casal. A casa da Pampulha foi vendida, para Tânia, foi bom, minha mãe sentia  muito amor por aquela casa teve momentos felizes ali naquele lugar.
Com  o falecimento de minha mãe aos setenta anos achei que seria bom eu ir também aos setenta, dizia que não queria passar disto, para não ficar dando trabalho, tenho muito medo de precisar muito dos filhos, acho que ser mãe é doação total e não deve querer nada de volta, vejo que ninguém tem tempo para cuidar de ninguém. Cheguei mesmo a pedir a Deus isso... Quando estava para completar os setenta meu marido sofreu um AVC... E agora, como vai ser quem vai cuidar? Vou por nas costas de filhos? O fardo é meu, somente eu devo carrega-lo. Estava preparada, Deus me preparou no silêncio de seu amor... Eu seria capaz de leva-lo aos médicos.

Sandra tinha feito para nós um plano de saúde que cobria todas  despesas com  tratamento, preste  atenção nas coisas... Eu tinha um carro para leva-lo onde fosse preciso, e sabia dirigir para não ocupar as pessoas. Tudo isso podia fazer e cuidar dele com paciência, com dedicação, era dependente de quase tudo, andava com dificuldades arrastando uma perna falava, mas não podíamos entender, ficava nervoso por não conseguir se expressar claramente.
Às vezes caia, fraturava a bacia, ficava acamado com muitas dores, não tinha equilíbrio direito, caia não dava conta de se levantar. A alimentação tinha que ser controlada para não prender o intestino. Assim foram por uns cinco anos. Eu costurava e cuidava, até que um dia ficou com febre, dei antitérmico e não baixava, levamos ao hospital, constataram que estava com pneumonia, ele foi fumante até o dia do AVC, foram oitenta  anos de cigarros, não há vida que resista...
Hoje quando vejo um jovem com cigarros nos dedos tenho vontade de tomar e pedir que não se mate... Não tem pulmão que resista. Se os impostos não fossem tão altos as autoridades já teriam  dado jeito, mas quanto mais caro melhor... Ele foi hospitalizado e não voltou... Foram setenta e sete dias de sofrimento... Por fim sedado... Por fim o FIM.
  

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