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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Carrinho de rolimã



Visto estar tudo sobre controle, achei por bem fazer um curso de alta costura, era o que sempre gostei. As três primeiras crianças, já estavam na escola, as duas menores eu tinha quem cuidasse, então tinha tempo suficiente para me dedicar às costuras.
Soares já não implicava, tínhamos boas amizades, as crianças brincavam na rua, nosso quintal era grande, podiam juntar os colegas e brincarem sem limites, eu fazia as roupas delas e as das bonecas iguais, as outras mães se encantavam com as meninas, logo pediam para costurar também para as filhas, digo filhas porque nunca levei jeito de fazer roupas para homem, assim começavam as propagandas.
Agora, já formava freguesias e foi aumentando com o tempo. Já era hora de arranjar ajudantes, o serviço tornou-se muito, precisei de mais maquinas, a casa era pequena, precisei fazer modificações, passar a cozinha para um barracão que havia ao fundo e derrubar a parede que ligava da sala a cozinha, e trabalhava ali. O espaço era desajeitado, mas o ponto era ótimo, central, fácil estacionamento, aviamentos por perto, até as meninas podiam ir comprar ainda pequenas, podiam ir aos bancos fazer qualquer pagamento, vejam como era tranquila a cidade... Tenho saudades disto, carros ficavam nas ruas durante a noite, o que faziam!... Escreviam no embaçado do sereno... A infância para os filhos não podia ser melhor, o pai que era severo estava sempre viajando ou fora de casa todo tempo, isso já era um sossego, finais de semana iam para o clube, passavam o dia com as amigas e colegas, participavam de festas de escola, e aniversários, mas sempre com a recomendação, “nove horas em casa...” “Não aceitem refrigerante se não ver abrindo...” Às vezes nem tinham cantado os parabéns ele já estava ali para busca-las e não aceitava esperar!... Isso não era com ele... Sandra e Selma já mocinhas, estavam começando a despertar os namorinhos, seria escondido, o pai nem podia saber senão seria fim na certa... Eu deixava ali junto comigo, via tudo que se passava... Pura inocência era lindo ver o desenrolar da vida...
Como vão se tornando adultos! E tomando o comando da própria vida, as atitudes de cada um, o desenvolvimento da pessoa, a personalidade... Que beleza tudo isso... Enquanto as duas primeiras estavam preocupadas em estudar e namorar, os outros três só queriam saber de brincar na rua, era carrinho de rolimã no passeio incomodando os vizinhos, a rua é descida, então nada mais que um convite para as brincadeiras,a maior partes dos vizinhos também tinham crianças que participavam das mesmas estripulias, então as reclamações não faziam muito sentido.
Quando chovia então... A meninada saia da toca, só se via crianças descendo nas enxurradas de sombrinhas, voltavam todas molhadas, umas ficavam de castigo, as minhas não, tinha direito a tudo... Eu queria suprir as arrogâncias do pai. Peter, como irmão bom para ter ideias, inventavam o que iam fazer, na rua não dava para soltar papagaios, tinham fios elétricos, o jeito era subir em cima da casa e equilibrar ali... Empinando o papagaio colorido que ele mesmo fazia, quando dava a hora do pai chegar desciam, quando o pai viajava... Áh... Que delicia!
Era só farra, as vizinhas da frente, filhas da Marlene, aquela que me levou ao hospital, no dia do parto da Kelly, ela também tinha três filhos, da idade dos meus, brincavam juntos.
O Sr Dirceu, esposo da Marlene, trazia da fazenda muitas frutas e verduras, o que faziam as crianças? Pegavam lonas e faziam barracas, com caixotes montavam uma feira, e colocava o que Sr Dirceu trazia, e ficavam ali oferecendo para quem passasse por perto. Um dia Sr Dirceu chegou da rua e pegou no flagra as vendas, não deu bronca, mandou por preço e pagou a feira!
Ele não imaginava a alegria que causou, repartiram o dinheiro, e ficaram esperando a próxima vinda da fazenda. Foram ótimos vizinhos, até que voltaram para sua cidade Santa Helena em Goiás, depois disto, poucas vezes nos encontramos, fiquei sabendo que todos se casaram, e nos perdemos no tempo...

 


terça-feira, 1 de maio de 2012

Ana Maria



Continuando, Agostinho foi trabalhar na Ferteco, morar lá foi felicidade total para Ana Maria, como era bom ver aquela alegria... Às vezes íamos todos passar o ano novo lá, era maravilhoso ver o capricho com que ela cuidava de tudo para nos receber. Era uma bela casa no alto, com belos jardins que eram cuidados com esmero, as manhãs e tardes são inesquecíveis... O por do sol, era o mais lindo que já vi. Lá, eles construíram uma família de três filhos, Cristina, menina morena linda, um retrato dos dois, Cristiano, a mesma cópia, e Alexandre, que surpreendeu sendo loiro de olhos verdes, estava assim completa a felicidade da Ana. O que é bom dura pouco. Não quero recordar aqui momentos de angustias e tristezas. Vou registrar somente o belo, as lembranças, as alegrias.
Ela não veio para permanecer... Passou pelas nossas vidas como uma brisa de amor e dedicação. Não consigo falar de você Ana. As lagrimas me embaçam os olhos e não vejo o teclado... Perdoem-me. Paro aqui. Onde você estiver saiba que te amamos. Não voltarei a tocar neste assunto, continuo as histórias...
Voltando, Soares agora recebeu da firma autorização para comprar um fusca, precisava viajar para conhecer a região, o fusca seria o ideal, ele certamente pensou, "vou comprar um carro possante." Saindo de um jipe que não passava de sessenta! Comprou um vermelho, “Esse sim, é do jeito que mereço!” As tardes convidava a família para dar umas voltas na cidade, levar em Araguari para tomar sorvetes na Praça Manuel Bonito, levar ao bosque, esse sempre era aos domingos.
Em Uberlândia, estavam inaugurando o clube Cajubá e o Caça e Pesca também, ficamos sócios do Cajubá, passávamos os domingos lá com as crianças, a vida estava tranquila, as quartas feiras era dia de ir ao cinema. Lá em Curvelo estavam todos se preparando para o casamento de Vivaldo e Iramacy, não poderíamos comparecer meu estado não permitia, já estava grávida novamente, nem preciso repetir os incômodos, sempre os mesmos...
No dia vinte quatro de maio acordei molhada, a bolsa teria arrebentado, o Soares estava trabalhando, pedi para chamar minha vizinha Marlene, que morava em frente, veio apavorada! Precisava correr até o hospital, o marido da Marlene tinha um fusca, estava na garagem, ela tinha pouca noção de volante, mas precisava me levar, tirou o carro com dificuldades, eu entrei, o hospital era perto, então me levou com o carro de primeira e com o freio de mão puxado, saia até fumaças, mas chegamos lá.
Chamaram o Dr. Norival. O pai desta vez estava na cidade e veio depressa ficou na sala de espera andando de um lado para outro, fumou todos os cigarros que possíveis, até que Kelly nasceu bem branquinha, careca, e um pouco inchada quando as crianças nascem em partos normais sofrem muito. O pai foi em casa por diversas vezes para trocar de roupas, a velha história, se sentia bem assim.
Para os irmãos, parecia festa, era um entra e sai que não tinha fim. Na escola o assunto era esse, todos os colegas teriam que vir visitar a pequena careca. Meus pais vieram visitar-nos e ficaram alguns dias conosco. Nós tínhamos a Licia, que cuidava de tudo até dava ordens, já era velha de casa e os meninos obedeciam, podia curtir os quarenta dias como o costume.
Passado alguns meses, a mãe da Licia manda uma carta dizendo que estava muito doente e que a irmã estava dando muito trabalho... Foi preciso deixar a Licia embora... Peter ficou doente, sabemos o quanto ele estava sentindo sua falta. Agora somos uma família de cinco filhos, sendo quatro filhas e um filho. Apesar de Uberlândia estar distante de BH enraizei aqui; não mais voltei.

Uberlândia



Agora que a paz tinha enfim voltado, o Brasil novamente começava a entrar nos eixos, embora ainda com muitas pendências. O Soares foi mandado para Uberlândia para sondar o comercio, ver se a região era realmente como eles tinham pesquisado apesar do Soares ter pouca cultura, confiavam muito nele, sabiam de sua honestidade, o que ele resolvesse estaria resolvido.
Assim sendo, veio sozinho para o triangulo mineiro ficou por algum tempo organizando as instalações, contratando funcionários e o necessário para abrir uma empresa. Enquanto isso permanecemos em Salvador, até o final do ano que seria também as férias. Foi preciso vender tudo outra vez ficando novamente as maquinas de costuras, o filtro, a geladeira e a radiola, o resto foi vendido ou dado para quem quisesse, as louças e roupas foram embaladas, eu era treinada para fazer isto... Essas coisas foram despachadas para Uberlândia para ficar no deposito da empresa enquanto nós fomos para BH aguardar o desenrolar dos acontecimentos.
Depois fomos para Curvelo, para o retiro, Licia veio conosco e também Ana Maria, ficamos esperando Soares alugar casa, ele tinha pressa, pois as aulas das meninas estavam para começar, precisava conhecer colégio e fazer matricula, então vim só, conheci pessoas que me ajudaram e me informaram de tudo. Conseguimos uma casa bem no centro da cidade, na Rua Santos Dumont perto do mercado municipal tinha tudo que precisasse bem na porta... Mas os donos estavam morando lá e pediram um prazo para entregar, enquanto isso ficamos hospedados no hotel presidente por uns dois meses.
Depois que passamos para a casa Ana Maria veio de novo ficar conosco. Em seguida fiquei grávida, o Peter já estava crescido e Licia não deixava ninguém cuidar dele era só ela, nunca vi tanto mimo. Já com tudo organizado nasceu Kenia, parecia uma princesinha, de tão bonitinha, nariz arrebitado e toda pequena, o parto foi normal com Dr. Lourival médico bom, conhecido na cidade.
O pai estava viajando a serviço, quando foi avisado veio depressa, foi ao hospital e voltou em casa que era só dois quarteirões, para trocar de roupas, ele era desse jeito, quando eu ganhava criança ele trocava de roupas muitas vezes ao dia talvez fosse de nervoso não sei bem o porquê. Ana Maria me ajudava em tudo cuidava da Kenia como ninguém, levava as meninas ao colégio Nossa Senhora das Dores colégio de freiras, eram motivos de curiosidades por causa do sotaque de baiano.
O alfabeto é pronunciado diferente e como foi difícil para a Selma se acostumar com o jota, só dizia “ji”. As pronuncias eram causas de risos e elas ficavam acanhadas. Durante o ano foi assim, com dificuldades... Mas com ajuda de colegas passaram de ano. Kenia tinha muita dor de ouvidos, passávamos as noites com ela nos braços, para que não chorasse tanto.
Ana Maria gostava de ir à missa das dezoito horas na catedral de Santa Teresinha que fica na Praça Tubal Vilela, sempre que saia da igreja passava pelo meio da praça, em um banco, sempre havia um moço moreno cor de jambo, bonito, lendo um gibi, não falava nada somente lia gibi... Então, imagino que Ana montou uma estratégia, passou a ir à missa todos os dias, eu notava que ela caprichava no visual, pensei... “Está interessada em alguém, indo à missa todos os dias! Sei não!” Uma noite chegou trazendo a tiracolo o rapaz, um belo rapaz... Era mesmo envolvente... Os olhos da pequena brilhavam... Tinha uma alegria radiante... Então começou ali um grande romance.
Sempre as tardes ele ia para nossa casa e ficava ali de prosa, gostávamos muito dele. Esse se tornou serio, depois de algum tempo ele foi para o Rio a trabalho, ficando assim distante... Nesse meio tempo, ela volta para Curvelo, Agostinho vai até lá e a pede em casamento, ai ela se apertou, queria o vestido de noiva feito de crochê. Levaria muito tempo... O que Ana fez? Aprendeu com uma vizinha em Uberlândia a fazer as florzinhas de sinhaninhas e emendar com crochê, combinou com ela que faria um lado do vestido e a amiga faria o outro, assim deu certo por fim emendei e formamos um belo vestido, foi uma noiva linda, a felicidade era visível.

Os barcos



As noites, Ana Maria e eu gostávamos de ficar na janela olhando os pescadores que saiam em busca do sustento, ao longe podíamos ver as lanternas dando sinais, centenas delas na escuridão... Imaginávamos o que estariam pensando, se estariam em paz ou preocupados, saudáveis ou adoentados... Só Deus poderia saber! Mas era muito lindo contemplar o mar à noite, aquela imensidão onde tantos segredos se escondem... Ver os transatlânticos chegarem com seus apitos ensurdecedores, fazendo manobras, soltar seus botes para levar os passageiros até ao cais para seus passeios. Ah! Mas quando partiam! Geralmente à noite, eram como palácios ambulantes, saiam apitando, e todos iluminados, aquilo era um presente para nossos olhos, ficávamos ali quietas, vivendo aqueles momentos, que eram só nossos... Eles iam ficando pequenos, pequenos, até virarem só um ponto de luz e sumirem no horizonte escuro deixando um rastro de luz...
Outras noites, após os trabalhos, chamávamos as crianças nos assentávamos no chão da cozinha e íamos competir para ver quem fazia a careta mais feia, ali eram só risadas, cada uma queria fazer melhor, a Licia que tinha se tornado uma mãe para o Peter, todo lugar em que ia sempre o levava junto escanchado na cintura, era quem ganhava nas caretas feias, porque ela tinha dentaduras e na hora ela usava desse recurso.
Pela manhã a musculatura do rosto estava toda dolorida de tanto forçar e fazer caretas. A feira como já disse acontecia todos os dias, Licia levava o Peter, não sabia sair sem ele, pensavam que era filho dela com um espanhol dono do armazém, ele a chamava de mãe “Ia”, então os amigos dela ficavam em dúvida, ela gostava, nunca dizia a verdade deixava pensarem...
Quando menos esperávamos, a firma que o marido trabalhava ofereceu a ele para vir para o triangulo mineiro, pretendiam abrir ali naquela cidade uma filial, esclareceram que se tratava de uma boa cidade, prospera e que seria de grande futuro. Soares não pensou duas vezes, apesar de já ter se acostumado em Salvador, seria uma oportunidade de estar mais próximo da família.
Isso não foi resolvido rápido, ainda precisava arranjar alguém de confiança que pudesse assumir a filial de Salvador. Havia um funcionário, dedicado atencioso, bastava um pouco mais de experiência, Soares se pôs a prepara-lo para ocupar seu posto. O lugar escolhido no triangulo foi Uberlândia, cidade progressista, com grande desenvolvimento, ali seria a filial.
Acertaram para Soares ir conhecer, arranjar local bom, bem central e de livre acesso. Precisariam de um galpão espaçoso com boas instalações. Naquele ano ainda não deu. Começou aquela revolução para tirar o presidente João Goulart, então parou tudo, o país não fazia nenhum investimento, as multinacionais em alerta... Era esperar...
Não sabíamos até quando... A Bahia virou um palco de guerra, não podíamos ir às ruas, as crianças não iam para a escola. Ouvia dizer que muitas pessoas estavam sendo presas, não podiam andar em grupos nem ficar parados nas esquinas, policiais armados por todos os lados, nem todos tinham TV ouvíamos as noticias pelo rádio e nem sempre eram verdadeiras. O terminal de ônibus era na Praça Castro Alves, em Salvador, tem um bairro que se chama liberdade, naquela época um cara chegou para pegar o ônibus, que já estava saindo do ponto, o cara gritou pra confirmar se era o seu, então gritou "liberdade?" O policial que estava ali deu diversas cacetadas no pobre homem e até que se explicasse que não era subversivo!
Exército nas ruas, cavalaria por todos os cantos, perto do palácio ninguém passava, tudo vigiado e como!... Depois que sossegou essa bagunça, veio o pedido de ouro para ajudar o Brasil o povo fazia fila para entregar a única coisa que tinha de valor, acho que essa foi a maior corrupção que já ouve, pois tiravam de todos com chantagem, dizendo que era para refazer o Brasil, as pessoas pegavam tudo que tinham em ouro e levavam para doar no palácio, eram joias antigas, com valores estimativos incalculáveis, haviam pessoas que só tinham as alianças de casamento e iam entregar às vezes chorando, juntaram centenas de quilos de joias e jamais ficamos sabendo de sua utilidade e o que foi feito delas, o povo saqueado mais uma vez...

Os ciganos



No ano seguinte, voltamos de férias, juntamente com os familiares, era bom demais... Rever todos, colocar as prosas em dia. Tinham muitas novidades, fulano casou-se com sicrana... As irmãs e irmãos, namorando, a prima Alice, já tinha casado com Moacir moço bom... Trabalhador era de muito gosto de todos, a festa foi boa. Tem uma família linda e feliz já fizeram bodas de ouro. A Célia estava namorando, aquele... Que ela escondia dele nas barraquinhas de S.Geraldo, parece brincadeira... Mas casou-se depois de algum tempo, me disseram que tem filhos maravilhosos. Pena que ela se foi muito cedo deixando uma imensa saudade! Enoque e Maria Santa, que tinham fugido juntos de caminhão, porque o padre não queria fazer o casamento... Ficaram em minha casa para provar que não tinham feito nada... Isto aconteceu quando eu ainda morava em Curvelo, fiquei sabendo nestas férias que tinham se casado e eram felizes... Eles se amavam muito e estavam dispostos a resolver aquela situação.
Nessas mesmas férias tive noticia do Batista, lembram? Aquele que foi criado em casa do meu vô Evaristo. Contaram-me mais uma dele, Haviam uns ciganos acampados perto da sua casa na roça, sempre que os ciganos passavam por lá roubavam cavalos e mais algumas coisas que encontravam. Batista costumava vender as galinhas e guardar o dinheiro em casa.
Nesta tarde, Batista ficou conversando até tarde com os ciganos e conversa vai, conversa vem Perguntaram como ele guardava o dinheiro que recebia da venda das galinhas Respondeu, "meu dinheiro, ninguém acha, escondo debaixo do colchão" Falou e foi dormir e no dia seguinte vai trabalhar bem cedo, fecha a casa com taramela e sai... Voltando, viu que os ciganos não estavam mais ali, tinham ido embora e levando todo seu dinheiro que guardava debaixo do colchão.
Como não bastasse, levaram também algumas galinhas e vasilhames que já eram poucos. Ora! O Batista era querido por todos, ou melhor, sempre foi amigo. Depois de saber as novidades e gozar da presença dos amigos e compadres, já estava chegando o momento de voltar... Ficava triste, mas não podia fazer nada, a vida é assim... Chegando a Salvador a rotina continua, mas a vontade de voltar, agora é mais forte... Soares não perdia a esperança de um dia estar no caminho de retorno. Tínhamos bastante serviços de costuras, já fazíamos até roupas de festas, a clientela aumentava, então, estávamos contentes com nosso trabalho.
No meio do ano, fiquei grávida, era tudo aquilo de novo, estava difícil, com tanto trabalho e passando mal de enjoos, náuseas e fraquezas. Soares estava radiante, falava para todos que agora seria um homem, arranjou logo um nome, disse que seria Fritz, era o nome de um amigo!
Durante esse ano não, ouve nenhuma novidade alem da gravidez. Então, planejar novamente as férias de final de ano já pensando que teria que ficar até o nascimento do garoto que estávamos aguardando, ainda não era possível saber o sexo através de exames, era somente pressentimentos... As viagens de avião poderiam ser feitas até ao sexto mês, então fomos em dezembro, Soares voltou no final das férias deixando para trás a família.
Como sempre confiante, deixou já redigido o telegrama que eu deveria mandar assim qualquer pessoa poderia leva-lo ao correio. Durante essa espera, fui ficar com minha mãe no retiro, só vida boa... Muita pamonha, milho verde assado na brasa, leite gordo, frango caipira com angu e quiabo, tudo feito no capricho, era só engordar... Já no começo de março, estava com as pernas muito inchadas, fui para BH, procurei o médico, e fiz os exames, disse-me que estava bem, deu-me alguns medicamentos, e mandou esperar... Fiquei na minha sogra, Nicinha foi comigo para ajudar-me a cuidar das meninas.
No dia vinte cinco de março precisei ir para o hospital, nasceu Peter o pai acertou era homem foi um parto muito difícil, os médicos, não gostavam de fazer cesariana, as mulheres sofriam quase à morte. Peter nasceu pesando cinco quilos e meio, era uma criança já criada, notaram que o nome foi mudado? Não me pergunte por quê... Até hoje não fiquei sabendo isso não mudou em nada... Será sempre querido.
Ele era tão grande, que chamava atenção... Bonito, esperto... Voltamos para casa, já se tinha passado dois meses, as meninas o Peter em um porta bebê eu já estava bem magrinha, esperava que o marido fosse imediatamente olhar a cara do neném, mas isso não aconteceu, pegou pelas alças o suporte, colocou no jipe ajudou Sandra e Selma a subir no Electra dois e fomos para casa subiu as escadas do prédio colocou o suporte encima da mesa, o garoto estava com a cara coberta com uma fralda por causa do vento, esperava que ele fosse logo descobrir para ver, isso não aconteceu... Virei bicho... Falei tudo que precisava e o que não precisava... Depois ficou sem graça e começou a paparicar o menino e mostra-lo de peito estufado...