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sexta-feira, 20 de abril de 2012

o Jippe




Bahia terra boa, escrevendo agora, me coloco ali, sinto cheiro do acarajé, do sarapatel, do cuscuz de tapioca, e tudo mais de delicias daquele lugar. Apesar, da falta que sentia dos pais e irmãos estava feliz, fui conhecendo também outras pessoas de BH que estavam lá pelo mesmo motivo. Agora, aos domingos depois da praia nos reuníamos sempre em casa de um conterrâneo para o churrasco a mineira... Não tínhamos carro, alguém sempre nos dava carona.
Então, Sebastião terminou o período de adaptação, agora a empresa achou por bem autorizar para ele comprar um carro, era necessário, fazia muitas visitas aos médicos, viagens, o escritório ficava na cidade baixa, distante de nossa casa. Ele não tinha carteira de habilitação, precisava tirar arranjar alguém para ensinar, mas primeiro comprar o carro, estava mesmo muito ansioso, o que comprar? Pensou muito, e chegou à conclusão de que um jipe seria a solução, poderia viajar andar em estrada de terra, era o ideal.
Foi atrás, depois de procurar bastante, achou um no jeito, fez o negócio, “agora sim estou realizado...” Chamou o homem que ia ensina-lo, todos os dias chegava cedo, Sebastião já pronto para sair, desciam juntos a ladeira do Inhão o homem dirigindo e ele olhando, prestando atenção, estava faltando coragem para enfrentar o transito.
Depois de alguns dias saíram para um lugar fora da cidade para treinar, ficaram o dia todo, quando chegou com o jipe dirigido por ele, foi uma alegria só. Em frente ao prédio que moravamos na praça, havia um posto, como não tinhamos direito a garagem, deixava o jipe ali.
Comprou uma corrente bem grossa, era sempre exagerado em tudo que fazia, para amarrar no poste o jipe, evitando ser roubado. Assim era todos os dias aquela armação, ainda pagava o vigia do posto para tomar conta. Sábado a tarde convidava os amigos para dar voltas com ele dirigindo... Saia também, com a família pela avenida beira mar, levava para o farol da barra para ver a paisagem, às vezes chegava até Piatã, Pituba e outras praias mais distantes. Todo sorridente, dizia olhando o velocímetro: "Fizinha olha quarenta! Tá vendo? Esse jipe é bom mesmo se pisar fundo dá até sessenta!”.
Aos domingos, levantava bem cedo para desmontar tal de carburador, e lavar com gasolina, dizia que era pra tirar as sujeiras da mesma. Até que um dia... Vendo toda aquela dedicação, resolveram passar um susto no Soares... Havia deixado para por a corrente mais tarde, porque iríamos ao cinema. Descemos as escadas rápido, porque a preciosidade não estava presa ao poste... Adivinhem, roubaram o jipe! Ficou louco, foi a policia o mais ligeiro possível... Contratou detetive!
Pegou um taxi para andar com ele, foi à noite inteira de buscas inúteis, pela manhã já esgotado da procura, alguém bateu na porta e perguntou se já tinham encontrado, porque logo abaixo na prainha tinha um parecido, correu para reconhecer, era mesmo o dito cujo. Bem em frente ao nariz, não procuraram por perto, a ansiedade era muita! Vaidoso, quis colocar um nome no jipe, passou a se chamar Electra 2, em homenagem ao avião que fazia a linha de Salvador a BH.
Quase dois anos fazia que não víamos nosso povo. Durante esse tempo, passou o casamento da Nicinha com o Hélio e do Armando com Áurea, estávamos muito longe.

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