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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Momento inesquecível




O passado não se apaga, assume outras roupagens... Trazer o passado para o presente às vezes nos deixa temerosos, por fazer entender ao nosso  modo aquilo que  vivemos, ou o que ficamos sabendo por comentários, nem sempre estamos presentes  em tudo que acontece, mas isso não nos impede de contar o que ouvimos.

Ha pouco tempo meu irmão Armando, achou por  bem convidar alguns parentes do lado de nossa mãe, aqueles primos que brincaram juntos, partilharam a mesma juventude, muitas coisas teriam para recordar... Marcaram o encontro em sua fazenda próximo a BH.
Dia marcado, agora  seriam os preparativos, ele estava preocupado sem imaginar quantas pessoas viriam, calculou por alto umas cinquenta, comprou uns cem quilos de carne para churrasco, contratou churrasqueiro... Qual sua surpresa quando começaram a chegar, ônibus de Três Marias  lotado de pessoas, ônibus de Curvelo também lotado, todos tiravam instrumentos de musicas, bandas e violas, se apresentavam, famílias inteiras estavam ali, que beleza! Pessoas que ha anos não se viam, vieram também de diversos lugares, a casa ficou repleta, ele ficou um pouco preocupado pensando que precisaria comprar mais comidas, mas não era necessário, todos traziam, colchões, e barracas, eu fui à única que não estava presente.
Foi uma festa maravilhosa... Dançaram toda a noite, contaram causos, recordaram brincadeiras da juventude... Cantaram, e pela manhã celebraram a Santa missa com um primo sacerdote que por coincidência estava passando férias no Brasil.

Nesta festa, minha irmã Lucia ficou conhecendo um primo  distante, ou melhor, já se conheciam de pequenos, com o tempo, e a distância não se lembravam, ali iniciou um namoro, porque não dizer uma paixão.

Logo pós a missa, cantada, chegou o momento dos discursos de agradecimentos, disseram-me que foi muita emoção, as pessoas não seguravam o pranto, as despedidas não tinha fim, abraçavam e abraçavam de novo, soluços e pedido de reprises... Está para acontecer a qualquer momento, o reencontro, desta vez não perco por nada...

A paixão da Lucia e do Theo continuou... Era só felicidade, parecia que um estava reservado para o outro, ficaram noivos, ele já tinha se divorciado da primeira esposa antes de conhecer Lucia, então não haveria empecilho. Foi um tempo de muitas idas e vindas, ele em Goiânia e ela em BH, viveram esse romance com muito amor... Só se falava nisso, as solteiras ficaram ouriçadas querendo colocar o nome nos babados do vestido da noiva, foi feito uma grande lista de nomes de solteiras... Colaram com fita crepe, e aquilo ficou ali arranhando as pernas da noiva, a felicidade era tanta que nada importava.·.
Começaram os preparativos para o casamento, era muito trabalho, mudanças para Goiânia, compra de apartamento lá, porque é onde ele trabalha, ela apesar da agitação do momento estava tranquila pois já aposentada, não precisava se preocupar com trabalho.

O casamento foi em Curvelo, terra natal dos dois, uma bela festa, Theo, mandou vir de Goiânia o conjunto que tocou por toda a noite, as famílias se reuniram, e podemos novamente encontrar os amigos e parentes. Os noivos estavam radiantes nem precisa  dizer, no dia seguinte viajaram em lua de mel, voltamos para nossas casas felizes por participar desta união.

Como sempre  que passa uma coisa tem outra já a caminho, agora todos sabem que a próxima será os CEM ANOS de papai, o tempo não espera... Os preparativos estão
prestes a começarem. Chegou a hora de fazer listas de nomes novamente, agora não se poderá esquecer ninguém, a família terá que se reunir... Também não é todo dia que alguém faz cem anos.
Como tudo na vida tem o começo meio e fim, Eu estou chegando ao fim com minhas histórias, já não me faltam muito para contar... Apenas complementar algumas partes que me passaram despercebidas, sei que ainda vou me lembrar de muitas coisas que não poderia ter deixado para trás, sei também que serei criticada... E cobrada por tudo que escrevi ou deixei de escrever, em breve estarei encerrando, pedindo desculpas da liberdade que tomei em descrever coisas que talvez não deveriam ser relatadas... Peço também desculpas pelo meu jeito de expressar, nem sempre fui clara, mas nunca havia pensado que um dia escreveria um livro.
Quero que fique como uma lembrança... Como uma caminhada de 77 anos de altos e baixos mais baixos que altos e que passou... Como uma brisa, às vezes mansa às vezes como um tornado, mas que passou também.

Espero que alguns de meus netos ou bisnetos folheando as paginam, possam perceber o valor da família... Apenas isso, será para mim o suficiente... Apenas isso me realisa... Como comecei termino, AMO TODOS.

Agradeço a Deus por estar presente em minha vida, minha família que me incentivou, meus amigos dos blogs que com carinho pediram-me que não desanimasse e seguisse com coragem, a minha amiga de muitos anos Ione Vieira que me prestou um grande trabalho, sem ela eu não seria capaz de realizá-lo, Ao Vilmar Barros de Oliveira, que me socorreu sempre que tinha alguma dúvida, em fim meu irmão Armando que me mandou os causos que tinha guardado para serem  lembrados  futuramente. Ao Soares onde ele estiver quero que saiba, que ele não me deixou bens materiais, mas, me deixou um tesouro maior que o mundo, meus filhos... É tudo que tenho de mais precioso, obrigado por tudo, pela paciência, compreensão, e carinho.


Coragem você é capaz!




Agora já se passaram dois anos, o tempo se incumbiu de arrumar as coisas, fiquei só, cada filho tem suas próprias  preocupações, cada um segue seu caminho como pode... Depois de cinquenta e seis anos de luta, muitas vezes nos  meus  limites... Mas passou como tudo na vida passa... Vivo neste restante de tempo a vida que é só minha...
Posso agora sem preocupações, curtir minha família, Deus me concedeu mais esses momentos, não pelo meu merecimento, mas pela Sua misericórdia. Tenho uma família invejável... Somos ainda dez  irmãos nos amamos muito, e quando nos encontramos é sempre motivo de festa, é de costume nos encontrarmos nos aniversários, principalmente o do papai, esse sim ninguém deve faltar, ainda mais agora que ele está com idade avançada.
Aproveito para ficar mais que posso junto com ele, e dos irmãos, se eu pudesse voltar no tempo seria maravilhoso! Sempre que me convidam para viajarmos juntas, as irmãs, eu não penso duas vezes, logo me prontifico e me ponho a caminho, nossos passeios são encantadores, temos o que recordarmos juntas, e nunca faltam  assuntos nos divertimos muito às vezes voltamos a ser crianças, fizemos tudo que sentimos vontade, com muita alegria. Naqueles dias que estamos juntas não existem problemas... O que tiver fica em casa... Escolhem sempre lugares lindos, hotéis confortáveis com muito lazer, me sinto como rainha.
Aproveito também para estar com os netos que já não tem tempo para estar com vó, alguns já formados trabalhando em cargos de responsabilidades, com tempo curto, outros estudando com afinco, impossível sobrar hora para a vó, os sobrinhos que são diversos também tem seus compromissos. Tinha doze  netos Deus quis uma de presente... Deixou um rastro de saudades... A Talita, jamais será esquecida!... Tenho também duas bisnetas Maria Fernanda filha de Gustavo e Luciana, e Ester filha da bruna e Renato.
As crianças hoje não sobram para avós, vão para escola muito cedo e quando chegam tem mil afazeres.  Entendo tudo isso, curto de longe me alegrando com cada sucesso... E, entristecendo com cada derrota... Graças a Deus tem mais sucesso que derrotas... A vida é cheia de surpresas, precisamos ter jogo de cintura para viver bem com todos, não podemos levar tudo a sério, não devemos nos magoar por pequenas coisas, família é isso, aceitar o outro como ele é não como queremos que ele seja...
Vamos vivendo e observando a vida, quando somos jovens essas coisas passam  despercebidas, pensamos muito em tudo, e a ansiedade de conseguir algo não nos deixa refletir... Alguns anos atrás, eu pensei, nunca vou conseguir viver sem estar agitada com tantas  coisas, essa era minha rotina, pensar, preocupar, agir  com mil obrigações e atitudes para serem tomadas rápidas, agora vejo que minha hora de parar chegou... Estou me sentindo frágil sim, é meu momento de deserto... Penso devagar também, o cérebro cansou? Parece que sim está mais lento, o andar mais devagar? Isso mesmo as pernas já não respondem meu querer.
Estou triste? Não, muito feliz, me sentindo com missão comprida bem ou mal, porém  realizada... Ainda consigo escrever  do meu jeito, sem  interferência de pessoas tenho incentivo de amigos que nem conheço pessoalmente, me escrevem dizendo "CORAGEM VOCE É CAPAZ!"
 Isso não é maravilhoso? Precisa de mais? Estou quase terminando meu livro, veja só, nem havia pensado nisto? Sei que muitos vão se interessar em ler, outros nem tanto, não importa... Faço minha parte. 

Vejam minha felicidade, posso ficar em casa de irmãos ou filhos amigos e parentes, tenho toda liberdade do mundo, fico quanto tempo quiser, sou recebida com carinho e cara boa, tenho do bom e do melhor, devo reclamar de alguma coisa? Jamais... Somente agradeço a Deus por tudo que tenho. Poderia contar toda a trajetória de cada irmão... Mais seria por ouvir dizer, como já expliquei, depois de algum tempo que tinha me casado, fui para fora de minha cidade e para outros lugares distantes, sendo assim acho impossível escrever com realidade a vida de cada um, conto algumas passagens que me relataram, mas poderia contar muito mais... Quem sonha reescreve seus textos e reinventa sua história...



A pneumonia




Novamente  em casa, depois de todo esse tempo fora, fiquei sabendo que o pai da garota que bateu meu carro tinha pagado, tenho dúvidas mas acho que nesse tempo em que mudou a moeda, terminamos por ter prejuizo, porque o cara disse, “vou dar só três mil,” é o que posso então o carro não valia isso. Kelly pegou e aplicou, os juros rodavam em torno de dezesseis por cento, logo ajuntamos mais um pouco e compramos um Monza de quatro portas, vidros  elétricos lindo... Ficamos felizes com pequenas coisas...

Agora, Kelly estava  namorando sério, trabalhava no Praia Clube e dava aulas em sua escola de natação. A tendência era ir morar em São Paulo, eu morando longe sem ninguém para me levar nos lugares, nem buscar-me no grupo de oração, então Sandra me deu um pacote de aulas de autoescola, e disse-me aprenda a dirigir e acaba  com o problema... Assim comecei, mas não levava jeito nunca tive interesse por volantes, mas fui tentando, um mês, dois, três. Depois parava uns três meses, começava de novo...
Tinha dia que estava ótima, noutros subia nos passeios, no fim de um ano consegui, agora sim, pensei sou independente... O carro não podia ficar sem seguro, batia demais...

Depois de algum tempo, Kelly aluga a escola, fica só com o Praia, depois fica  grávida e muda-se para São Paulo, Nasce Silvinho, cara do pai, parecia miniatura do Silvio Teixeira, o parto foi antecipado, quando cheguei já tinha nascido, todas as atenções estavam ali, naquela criaturinha frágil.
Cresceu rápido, esperto e forte, os pais cercaram de carinho, ele era muito bom, só chorava quando tinha fome, mas tudo cronometrado e anotado a mãe tinha sempre um papel e uma caneta por perto não descuidava um momento, as  mamadas tinham o tempo certo.

Silvinho, ainda não tinha dois anos nasceu Victor, bem branquinho, cabelinho louro esse era a mãe, a cara... Silvinho, o pai levava para visitar a mãe no hospital, não avisamos pra ele que o irmão tinha chegado para evitar ciúmes, foi ver no momento de ir pra casa, então ficou feliz... Mas não podia descuidar um minuto... Queria carrega-lo dar brinquedos, era um Deus nos acuda.

Como já escrevi, o meu  pai agora morava com Ângela, na casa dele estava José Carlos, que tinha vindo morar em BH, Lourdinha, também já tinha comprado seu apartamento, também Lucia, trabalhava na Mina do Morro Velho, e comprou para ela um apartamento no centro, eu demorava a ir lá para vê-los, também demoravam vir aqui, sempre muitas ocupações Minha irmã Tânia havia ficado viúva, Francisco, sofrera um aneurisma e teve morte instantânea, foi um grande susto para todos, era ainda moço cheio de saúde, alimentação saudável vida metódica não tinha o porquê aquele aneurisma, mas aconteceu, foi inevitável.
Tânia com os dois filhos adolescentes precisou enfrentar os negócios, foi pega de surpresa jamais ela teria pensado que isso pudesse acontecer, agora os filhos  já crescidos, formados, Fazem todo esforço para tocar a empresa, para eles o desconhecido... Pois são muito jovens e não estavam preparados para essa responsabilidade, é uma grande prova para eles, mas como dizem que o ouro é purificado com fogo no cadim, depois desta  ficarão prontos para a vida. O papai ficou morando com Ângela por um bom tempo, Depois Lurdinha levou para morar com ela no apartamento, pensei que ele não fosse gostar por se tratar de pouco espaço, mas não aconteceu o esperado... Ele gostou muito de ficar lá. Atualmente está com a Tânia a casa é grande tem bastante espaço e tem sempre alguém que cuida dele, ou melhor, alguém para fazer companhia e ajuda-lo a tomar banho e refeições na hora certa, ele não reclama de nada tudo pra ele está bom, é um amor de pessoa...
Lívia casou-se com André, Henrique namorando Lorena, menina bonita, formam um belo casal. A casa da Pampulha foi vendida, para Tânia, foi bom, minha mãe sentia  muito amor por aquela casa teve momentos felizes ali naquele lugar.
Com  o falecimento de minha mãe aos setenta anos achei que seria bom eu ir também aos setenta, dizia que não queria passar disto, para não ficar dando trabalho, tenho muito medo de precisar muito dos filhos, acho que ser mãe é doação total e não deve querer nada de volta, vejo que ninguém tem tempo para cuidar de ninguém. Cheguei mesmo a pedir a Deus isso... Quando estava para completar os setenta meu marido sofreu um AVC... E agora, como vai ser quem vai cuidar? Vou por nas costas de filhos? O fardo é meu, somente eu devo carrega-lo. Estava preparada, Deus me preparou no silêncio de seu amor... Eu seria capaz de leva-lo aos médicos.

Sandra tinha feito para nós um plano de saúde que cobria todas  despesas com  tratamento, preste  atenção nas coisas... Eu tinha um carro para leva-lo onde fosse preciso, e sabia dirigir para não ocupar as pessoas. Tudo isso podia fazer e cuidar dele com paciência, com dedicação, era dependente de quase tudo, andava com dificuldades arrastando uma perna falava, mas não podíamos entender, ficava nervoso por não conseguir se expressar claramente.
Às vezes caia, fraturava a bacia, ficava acamado com muitas dores, não tinha equilíbrio direito, caia não dava conta de se levantar. A alimentação tinha que ser controlada para não prender o intestino. Assim foram por uns cinco anos. Eu costurava e cuidava, até que um dia ficou com febre, dei antitérmico e não baixava, levamos ao hospital, constataram que estava com pneumonia, ele foi fumante até o dia do AVC, foram oitenta  anos de cigarros, não há vida que resista...
Hoje quando vejo um jovem com cigarros nos dedos tenho vontade de tomar e pedir que não se mate... Não tem pulmão que resista. Se os impostos não fossem tão altos as autoridades já teriam  dado jeito, mas quanto mais caro melhor... Ele foi hospitalizado e não voltou... Foram setenta e sete dias de sofrimento... Por fim sedado... Por fim o FIM.
  

Roma



Após dez dias de Israel, com todas as doçuras, fomos para Roma, na Itália tem muito que ver desde a visita ao Vaticano, encontro com o Papa, visitas aos túmulos dos Papas com celebrações no tumulo de São Pedro, missa na igreja de São Pedro, ida ao Coliseu, a igreja de São João de Latrão, onde guardam valiosas relíquias, Gruta de Moriá, cemitério de Calisto com seus segredos, e seus mistérios, dia para as compras, igreja de São João, onde foi decapitado... E outras visitas em Roma.
Fomos a São Francisco de Assis, com sua pociuncula, que foi destruída depois pelo  terremoto. Mosteiro de Santa clara, próximo a São Francisco, em Cássia casa de Santa Rita, mosteiros e jardins, a guia Maria Célia, uma brasileira, que conta todas as histórias dos lugares visitados, a bênção do Papa na Praça de São Pedro, Lanciano!... A! Lanciano, como você me conforta... Esta Hóstia Viva e o Sangue  que você Impõe com tanta realidade!... Apagam  todas as dúvidas... Você se sente pequeno diante daquela verdade...
Os dez dias de Itália, passaram como um relâmpago eram  muitas informações... Mas ainda está faltando outra viagem importante... Ir para Iugoslávia, seria de avião, se a guerra da Croácia com Sarajevo deixasse descer, então foi mais seguro ir no transatlântico que levava ajudas para os flagelados da guerra, era um bom navio que os USA haviam mandado, navegaria a noite e pela manhã portava em Ancona.
Seguiríamos de ônibus até Megigore, onde permanecíamos por quatro dias, foi uma boa viagem para mim que amava tudo, para minha Joana foi sofrimento, o mar a deixava muito mal, toda noite ela tossia e ficava sem ar.
Em Megigore, uma vasta peregrinação, a missa na igreja das aparições, começava igual Piedade dos Gerais com o terço, depois entrava em silêncio total tinha a mensagem, mas agente não ouvia, os jovens passava para o padre e ele publicava, e começava a missa. A mensagem era dada todos os dias às quinze horas, é um lugar de muita oração, e de muita paz, os guerrilheiros estavam próximos, os mísseis passavam sobre a cidade e não destruíam nada, subimos o monte das aparições as treze e trinta, hora da via sacra,
 com o sol muito quente, o padre Eslávico, com a cruz as costas ia parando nas estações·.
Fomos até Croácia no caminho houve uma sena interessante os soldados invadiram nosso ônibus com metralhadoras e falando coisas que não entendíamos a primeira reação foi pegar a bandeira Brasileira e levantá-la, imediatamente eles desceram e fizeram com os braços o gesto do Bebeto jogador de futebol aquele gesto de balançar crianças.
Lá um Santo Padre, Iôzo, na igreja, mostrou-nos onde havia um túnel que eles tinham feito para celebrar as missas escondidos, não era permitido, então os padres se reuniam dentro daquele túnel para rezar, um dia jogaram dinamites, e mataram todos, então só tamparam a boca do buraco e colocaram o nome de cada padre escrito na pedra.
Contou-nos também que cuidava dos mutilados, que tinham crianças e jovens, faltando pernas línguas olhos até pedaços de corpos, perguntamos como ele dava conta disso? Enfiou a mão no bolso e tirou o terço, e mostrou-nos e disse vocês não podem imaginar  a força que tem a oração do terço. Depois deste testemunho não fica dúvidas... AMEM
Quando voltamos à tarde, o guia disse não olham para a direita, para não impressionarem, não deixei de olhar e vi uma construção grande em chamas, tinha acabado de ser destruída.
No dia seguinte, a programação foi visita à casa da Visca uma das videntes e uma palestra com Maria outra vidente, depois da palestra que ela explicava tudo que estava acontecendo naquele lugar que o mundo inteiro estava indo visitar, tinha pessoas de várias nacionalidades, como tinha também confessionário em todos os idiomas espalhados na praça da igreja.

Saindo do recinto da palestra em uma praça em frente, alguém olhou para o céu, ela já tinha avisado que às vezes a Virgem Maria, dava sinal aos peregrinos, olhamos... Qual nossa surpresa, o céu estava azul somente uma nuvenzinha do tamanho de  uma fralda tremula, em seguida começamos a presenciar a, imagem, cada pessoa via de um jeito houve gente que até fotografou... Minha amiga viu colorida, eu não podia ser de outro jeito, teria que ser preto e branco formada por blocos de nuvens escuras... Está lembrado do sonho? Do meu sonho... Por isso ELA DISSE, O SONHO PODE SER USADO PARA NOS AVISAR ALGUMA COISA.
Voltamos no dia seguinte para Roma, no caminho ainda no ônibus lembrei-me do meu carro tinha ficado sem ele, refleti, pensei que não tinha sido por querer que a moça bateu não se faz isso por querer, rezei pelo pai dela que estava sem condição de pagar, mostrei minhas dificuldades, pedi que não queria sacrifício da família, e que fosse feito o melhor.

Fomos para o porto para a volta, eu me sentia tão realisada que nem queria dormir, era curtir aqueles últimos momentos, fui para proa do navio para ver o sol nascer, só isso bastava. De Roma, Portugal, e Brasil.

Em São Paulo primeira coisa, comer um sanduíche de pernil, acebolado, como é bom...! De São Paulo a Uberlândia, as duas vieram em silêncio total não sabíamos o motivo, parecia que estávamos recheadas...

Chegando a minha casa vou desmanchar as malas, minhas filhas disseram-me  nada disso, vai hoje ainda para BH, seus irmãos, Vivaldo e Marcio estão muito machucados pelo acidente que não te contamos... Eles estão no hospital, e todos estão muito apreensivos, esperando um triste desenrolar. Eu não sabia se chorava... Estava chegando do céu!... E agora, fiz outra mala e fui.

Deus teve clemência, demorou, mas ficaram bons, o Guilherme, filho do Marcio, que foi o escolhido, Deus o levou, não suportou a batida estava do lado da colisão. Depois de um tempo o Marcio ganhou outro filho o Gabriel. Não cobriu a falta mais amenizou... Deus é misericórdia.
O casamento do Marcio não deu certo, depois de algum tempo, Gabriel ainda pequeno o casal se separou, e a criança ficou com o pai, hoje já moço bonito e inteligente, motivo de alegria para o Marcio.


domingo, 8 de julho de 2012

Egito




Em Israel, visitamos todos os pontos turísticos, todos os lugares em que Jesus marcou presença, não ficou nada sem ser visitado, Desde confirmação do batismo no rio Jordão como travessia do lago Tiberíades em um barco com o padre Jonas Abib, tocando violão e cantando uma canção de sua autoria.
Carfanaum, com celebração no lugar das bem-aventuranças e multiplicações dos pães, Monte das oliveiras, meditando a Agonia, Monte Tabôt... Ai aconteceu uma coisa interessante, perto das três igrejas, assentados nas ruínas no topo do monte, o Frei Pascoal, perguntou por que estávamos ali? Cada um contasse sua história... Então, eu tinha muito pra dizer, todos que estavam ali, que eram médicos, psicólogos, empresários, gente com certo padrão de vida elevado, pessoas formadas, só havia uma costureira, EU, sei que fui pela graça... E por interseção de São José.
Contei toda minha história e muitos se emocionaram. Visitamos as grutas de Curam, visitamos Jericó, a parte velha do tempo de Jesus, e a atual parte nova, fotografamos o sicomoro, arvore igual a que Zaqueu subiu para ver Jesus, fomos a Nazaré terra de Maria, entramos lá na hora do Ângelo em oração, Santo Sepulcro, a Via Sacra, na Via Dolorosa... Tocamos na pedra da Ressurreição, Sala da Santa Ceia Igreja da Anunciação, Gruta de São José, e muitos outros lugares, ouvi confirmação do matrimonio em Canaã da Galiléia com direito aos vinhos, fomos a Cesárea de Felipe.
Monte das tentações olhar Jerusalém do alto parece um sonho... Inacreditável... Depois de percorrer tudo, que foi muito mais, além do que já escrevi, fomos atravessar o deserto em direção ao Egito. Nunca havia pensado no deserto! Foi à tarde, e parecia que não tinha fim, é muita areia... Só vendo para crer, no caminho houve a celebração da missa em uma igreja mulçumana, onde cederam para nossos padres celebrarem, passamos por um lugar de parada, no meio do deserto, tinha espécie de um teatro onde assentávamos em degraus e passavam filmes de lugares que não seria possível visitarmos, os costumes etc.
Na divisa da Palestina para o Egito, é muita fiscalização, querem saber tudo, o soldados são moças com armamentos pesados não se pode ficar em pé só assentados uma grande ficha para preencher abrem suas malas e reviram tudo, querem saber se leva alguma coisa para alguém, quanto tempo vão ficar.
Depois tem uma bela parada no mar Vermelho, é uma das maravilhas do mundo, nunca poderia imaginar que houvesse coisa tão linda, aquários no fundo do mar todo tipo de corais, e peixes, tartarugas imensas, lindas. Chegamos ao Egipto à noite, era tudo com pouca iluminação, antes de irmos para os chalés que era cada chalé pra duas pessoas, fomos para o restaurante para jantar, houve uma apresentação da dança do ventre, e outras, mas estávamos com medo.
Os beduínos são estranhos, também a gente não entendia o que falavam a Joana e eu fomos ficar em um chalé distante, de repente some todos, pegamos nossa chave e não achava o endereço é diferente daqui os números não são seguidos, um beduíno foi nos levar ao chalé, chegando lá ele não ia embora olhava nossa bolsa e dizia “dólar...” Isso ele sabia falar, na carteira ficavam poucos dólares o restante estava em uma bolsa de tecido presa em um elástico, amarrada na cintura era os dólares do Gilberto que pediu para eu dar na volta, olha minha situação...  Na hora que abri a bolsa para pegar o dólar o homem meteu a mão e tirou, fez a mesma coisa com a Joana, nesta hora tivemos muito medo entramos e escoramos a porta com um baú que estava lá.
As  duas e meia da manhã saia o ônibus que nos levaria ao monte Sinai, deveríamos começar a subir antes do sol aparecer, porque o calor é muito. Quando acordamos a turma já estavam se acomodando no veiculo, cada pessoa levava uma caixa com frutas e lanches, o Monte Sinai é gigantesco, não tem como explicar, tem que ver.
Começamos a subir por uma trilha, um guia beduíno puxando um camelo pra quem quisesse alugar pra subir ao monte, fila indiana, só o guia tinha lanterna, olhava para cima e não acreditava que você daria conta, parecia não ter fim... No meio do trajeto, um lugar pouco plano, onde parados ali um grupo de beduínos com seus camelos de alugueis, até mesmo para tirar retratos com eles teria que pagar, estava escuro ainda, aquele cheiro de bicho e povo esquisito.
Ali naquela parada, comemos alguma coisa pra continuar a subida, chegamos ao topo às seis horas, muito cansados, algumas pessoas caíram, tinha dificuldades com as pedras... Não tinha vegetação, para o povo fazer xixi, alguém tinha que ficar na  frente para nos esconder um pouco. No ultimo lugar que foi possível subir via-se o sol nascer em baixo, um verdadeiro espetáculo!... Padre Jonas Abib, fez ali naquele local uma celebração maravilhosa, agradecemos a Deus aquele momento único em nossas  vidas... A descida foi com muito calor, pois o sol forte deixava as pessoas mais vulneráveis... Era mais difícil descer as pedras rolavam, e os olhos podiam ver onde tínhamos  passado a noite, os precipícios... Tudo muito lindo e arriscado... Só tentando outra vez... A!!! Quem me dera! Em baixo do monte fica o mosteiro de Santa Catarina, podemos entrar e ver todas as coisas antigas, lá tinha os sanitários para turistas bem arrumados, tem também o poço de Moisés onde ele tirava águas para os camelos e para usar ainda era usado, ao lado em um canteiro suspenso, a sarça Ardente, da mesma qualidade que Moisés viu queimar, e não se consumiu.

Voltamos cansados mais muito felizes, passamos pelo mar Morto, entramos para o banho, agente flutua e não se afunda tamanho a quantidade de sal da água fica montes de sal flutuando... Minha amiga Joana passou muito mal, tem alergia, ao iodo, coitada sofreu... Estávamos sempre perto de mar.


O sonho




Agora, vou voltar naquele assunto do sonho! Alguém tá lembrado? Aquele que pedi para perguntar se sonho era verdade?

...Sim é isso mesmo... Minha vida estava a mil por hora... Muito trabalho de costuras, sem ajudantes, longe de lojas de aviamentos, longe de tudo até da cidade era mesmo o lugar que Judas perdeu as botas. Mas feliz!... Era o que eu podia ter, nunca pensei alto, acho que cada um recebe seu quinhão... Então continuando... Na minha comunidade só tinha missas aos domingos, agora não podia ir às dezoito horas na catedral, o máximo que fazia era ir ao grupo de orações as quintas feiras, depois das aulas Kelly me apanhava para vir embora.

Às vezes levava as roupas para as clientes dar provas, elas tinham dificuldades para encontrar meu endereço, mas tudo bem, não demorou  fizeram avenidas e facilitou o acesso ao nosso conjunto residencial.

Um domingo participava da missa, na saída deparei com uma moça que também participava, me dirigi a ela e perguntei se estava morando aqui, me respondeu que sim, era logo ali perto da minha casa. Na verdade, conhecemos as pessoas que comungam a mesma fé, as encontramos todas as vezes que participamos de um ato litúrgico, mas essa era a primeira vez que a via, saímos juntas como se já nos conhecêssemos, trocamos informações... Falou-me que os pais tinham comprado uma casa aqui, disse-me que estava morando em Recife a trabalho, tendo sido transferida para Uberlândia há poucos dias.
Uma pessoa agradável, amiga atenciosa e os encontros na igreja se repetiam.
Em um domingo, conversando, disse a ela que o meu maior desejo era ir a Terra Santa, mas tinha medo até de pensar, porque sabia que seria impossível, as condições financeiras eram precárias, nos mantinham com costuras e sempre era a conta, não sobrava para economizar... Para minha surpresa, ela respondeu-me, “é meu desejo também... Vamos começar a pesquisar, para ver como precisamos fazer?” “Se não der, pelo menos tentamos a senhora não acha?”

Naquela hora... Acendeu uma chama no meu coração... Ninguém nunca tinha me tocado assim com palavras tão convincentes! Fiquei a semana toda, pensando... Pensando... E pedindo a Deus, se fosse para dar certo que Ele tomasse conta. Naquela mesma semana, minha amiga, vou chama-la assim, foi a serviço do banco que ela trabalha em Uberaba, no horário do almoço foi na igreja de Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa, rezou, fez as orações e saiu, depois lembrou que não tinha rezado para São José, voltou até a imagem do santo, se ajoelhou e rezou...
Só que pregado na imagem tinha um cartão escrito, "viagens para Terra Santa com poupança programada" e o telefone; ela anotou na mão, chegou ao banco e ligou, responderam pra ela que iriam mandar o prospecto da viagem e uma novena de São José, ele era o padroeiro da viagem, podia ficar tranquila que ia dar certo. Não demorou, o correio entregou o prospecto com a novena, como todos os dias ela passava em minha porta, era seu caminho, me dava as noticias. Mas era muito caro o preço, pesava muito pra mim, e até pra ela também, mas a animação foi só aumentando, contei para o marido e os filhos, alertaram-nos que aqueles lugares do roteiro, estavam em guerra, seria muito perigoso!
Mas não pensávamos no pior, só no melhor... O meu genro Nei, rolava no chão e ria, dizia minha sogra agora pirou mesmo vamos precisar interna-la. Então, começamos a novena, antes de terminar a mesma, minha amiga recebe uma carta da colega de Recife, contando que tinha chegado da Terra Santa, que tinha ficado muito emocionada e que estavam montando outro grupo para final de outubro que ia voltar e levar a mãe, falou também que restava um lugar e tinha pensado nela.

Minha amiga respondeu que gostaria muito, agradeceu e disse que precisaria de dois lugares, não teria coragem de ir sem mim. Enquanto isso, tudo indicava que São José estava providenciando... Todo dinheiro que eu recebia trocava em dólares e escondia dentro de uma lata, com medo de ladrão entrar e levar costurava dia e noite não me cansava, o serviço saia tão rápido e perfeito que costurava uma manga, quando ia costurar a outra já estava pronta, tudo acontecia sem esperar.
Tem coisas que me aconteceram que nunca tive coragem de contar, as pessoas não acreditam e levam para o lado de gozações... Estávamos no mês de junho, fazia muito frio, perto da minha casa estava acampada uma família com muitas crianças, precisavam de cuidados, a mãe era cega e a barraca pequena, eu cuidava da minha casa das costuras fazia bolo, esquentava leite, corria lá, levava, pedia para os vizinhos pão, levava, pedia cobertas para as freguesas e agasalhos para as crianças.
Era um tempo corrido! Ainda conseguia tempo para rezar o terço com eles à tarde, e correr atrás de políticos para arranjar emprego para aquele senhor pai das crianças.
Na metade da segunda novena a colega de minha amiga liga pra ela e diz que havia uma desistência no grupo sendo assim teria um lugar pra mim, era preciso só depositar o valor de duzentos dólares para garantir. Passou o numero da conta em Recife, o nome da pessoa não era o coordenador da viagem ele não tinha conta em banco, falei com minha filha Selma, ela me deu o cheque para depositar, ficamos apreensivas, não conhecíamos as pessoas só minha amiga conhecia a colega Salomé, o tempo estava apertando, eu abria a bíblia e saia aquela passagem "pode comer e beber tranquilamente o perfume será derramado sobre sua cabeça." então eu chorava mostrava pra Selma, ela me tranquilizava e dizia você vai, ajunta seus dólares, quando faltar poucos dias, contamos, o que faltar vou ao banco e faço um empréstimo já conversei com o gerente.

Voltava pra minha casa, ia fazer novena, ia levar comida para a família, ia costurar... Pensei, na ultima hora se for preciso vendo o carro, é meu mesmo depois dou jeito de comprar outro quando chegar. Meu marido só dizia, "vai procurar sarna pra coçar... Com aquela guerra!... Você não vai voltar"... Eu respondia "Morro feliz". Minha amiga Joana, também corria atrás de dólares apesar dela ser bem remunerada, precisava completar, fazia panos de pratos e vendia no banco, eu fiz rifas de uma joia que havia comprado na Bahia, tudo era válido.
Olha dois mil e oitocentos dólares não era muito pra outras pessoas, mas pra mim era... Meu dinheiro era muito sofrido... Pedir ajuda só para caso de doença, passear para muitos é vaidade... É luxo... E logo pra quem? Essa costureira pode tratar de ficar quieta... Isso seria muito! Pode quietar o facho...

Faltava ainda um tempo para a data da viagem, pensei agora vou vender o carro já tinha pensado no comprador, porém à noite Kelly sai com a tia e uma amiga, na volta para casa, subindo uma avenida, não devia estar devagar, entrou outro carro avançando a preferencial e bateu no nosso, o fazendo capotar por duas vezes foi aquele Deus nos acuda, felizmente as nossas meninas não se machucaram, mas o carro foi para o ferro velho, perda total. Pela manhã Kelly chorava e dizia e agora mamãe, como você vai fazer... Acabei com seu carro. Eu não me desesperei, o pai da moça que estava ao volante prometeu que iria pagar o carro, mas tinha que esperar ele não tinha dinheiro neste momento, fazer o que? Tinha que passar a metade do dinheiro para as passagens, em outro numero de conta de outra pessoa que também não conheciamos às vezes mandava recados pelo telefone, começaram a suspeitar que fosse golpe... E as passagens? "vocês vão pegar em São Paulo, com as pessoas da canção Nova”, também não conhecia ninguém, chegamos a pensar é fria... Meu genro Geraldo, perguntou, ä senhora vai com quem?”Disse não sei”! Como chama a pessoa que vai levar o grupo? Não sei! O recibo do banco está no nome do coordenador? Não, de outra pessoa... Então vão pra São Paulo, sem passagens, sem nome de ninguém e vão embarcar as quinze e trinta para Terra Santa! A senhora acha que tá correto? Vou ficar em casa se der errado me liga vou buscar a senhora.
Então, isso foi em uma quinta feira treze de outubro, na quarta tinha sido o aniversário de meu pai, eu não fui porque tinha que viajar na quinta, mas todos os irmãos foram o Marcio que mora em Curvelo foi com esposa e um filho pequeno, voltavam para casa de carro com o filho dormindo nos braços, e outro irmão Vivaldo dirigindo,quando uma caminhonete dirigida por um bêbado veio e bateu no carro, acidente terrível meu sobrinho morreu e meus dois irmãos se machucaram muito, nem sei contar direito, só sei que não me contaram nada para não me preocupar.
Eu via as filhas com os olhos vermelhos disfarçando, dizendo que estavam tristes porque eu iria demorar etc. Esqueci o principal, faltando três dias para a viagem, juntaram meus filhos em volta de uma mesa, busquei a lata do dinheiro para contar e vê quanto faltava, advinha? Passava seiscentos dólares veja a felicidade!...

Viajamos naquela noite de quinta feira treze de outubro para São Paulo, chegamos pela manhã e fomos direto para Guarulhos, ainda estava muito cedo, fomos à capela do aeroporto, a missa começava, participamos, tínhamos todo tempo do mundo, só não tínhamos as passagens e a certeza de ir... Mais tarde assentadas no saguão, começou a chegar pessoas comentando sobre a ida a Terra Santa, o assunto nos interessava, pois esperávamos o pessoal da Canção Nova! Mas nada de ninguém nos procurar... Quase na hora do chek in, a Joana ouviu uma voz, e me disse essa voz eu já ouvi na rádio da Canção Nova! É do Eto, era um grupinho de diversas pessoas, então a Joana perguntou, “vocês são da Canção Nova?” “Sim, e vocês são Joana e d. Zélia?” “Estamos com os bilhetes de vocês,” e nos entregou, corri ao telefone, fiz uma ligação a cobrar para meu genro Geraldo avisando que estava tudo certo e que sentíamos muito felizes. Partimos para Recife, lá o grupo completou-se, éramos sessenta e quatro participantes, tinha pessoas de todas as partes do Brasil.
Esse pacote tinha duração de trinta dias, teríamos um curso bíblico na Terra Santa, quer coisa mais maravilhosa? Eu chorava de felicidade, jamais tinha imaginado que isso fosse acontecer ainda mais daquela maneira, o passeio era perfeito... Completo aos nossos desejos...

O restante dos dólares fui entregar para o coordenador Gilberto, agora já tinha sido nos apresentado, dava para confiar inteiramente, correto seguro, pessoa de confiança, ele não quis receber preferiu que entregasse na volta, então fiquei com a responsabilidade de carregar aquele dinheiro, ainda me disse, “pode pagar depois tem gente que deu cheques pré-datados, a senhora não se preocupe!” Pensei olha só, como estava ansiosa... São José é mesmo caprichoso... De Recife, fomos direto a Portugal, em Fátima, fiquei encantada com tudo que via e ouvia a procissão das velas no campanário, as missas celebradas em diversos idiomas, ficamos lá quatro dias, não tinham pressa, tudo muito organizado fomos à casa dos pastorzinhos a gruta das aparições.
De Portugal, para Tel-aviv, depois Jerusalém, ai começou a verdadeira caminhada, vivenciando cada momento dos acontecimentos na vida de Jesus, as passagens da bíblia vivida ali. Um Frei foi o nosso guia, ele morou no Brasil e falava nossa língua com perfeição, Com rádios de comunicação, ele ia aplicando o curso bíblico. Naqueles lugares, que podiam nem ser iguais por causa de tantas destruições, muitos subterrâneos, pelas mudanças de estruturas.

Era época de guerra, lá sempre estava em combate é assim o povo não tem nossa paz. Os tanques nas ruas são normais ninguém se assusta... Simplesmente entraram no ritmo da cidade, gritos e corre corre a toda hora, homens e moças armados até os dentes... E eu estava muito feliz... Um sonho sendo realisado... Ofegante... Coração apertado de prazer... Eram mil novecentos e noventa e quatro. LEMBROU AGORA? AQUELE SOL EM FORMA DE QUATRO? A história vai continuar... Verão mais adiante o desenrolar maravilhoso... 

O grupo de oração




  
Continuo Piedade. Ha muito tempo não vou lá parece que o meu tempo foi aquele... Ou melhor, Ela parou de chamar-me... Desejo ainda voltar... Sei por ouvir dizer, que as crianças cresceram, tornaram-se moças e rapazes, que Marilda, a pequena menina que transmitia as mensagens já se casou e mora lá.
Então, Nossa Senhora quis mandar-me mais longe, tudo por amor... Vou contar como aconteceu... Dentro dos três anos que frequentei Piedade, uma noite tive um sonho que muito me emocionou, Eu via no espaço uma imagem em forma de nuvens escuras do lado da perna sobre o manto, um sol luminoso, brilhante e descia uma locomotiva escura com muita velocidade rumo a terra, der repente aquele sol se transformou em um quatro de imprensa, grande, acordei assustada com aquele pesadelo, pensava, “será um aviso?” Que significaria aquilo?
Na semana seguinte fui a Piedade e disse a Marilda "pergunte a Nossa Senhora se é sonho ou se é verdade” depois da mensagem ela procurou-me e disse-me, “Ela manda te dizer que nem sempre é verdade, mas às vezes Ela usa dos sonhos para nos comunicar alguma coisa...” Guardei aquela resposta... Nem pensei mais nisso... O interessante era a precisão que aquela menina simples de palavreado grotesco passava as mensagens, tenho muitas e muitas gravações, desde pequena até já mocinha... Pode-se conhecer pelo tom da voz.
As pessoas que estavam comemorando aniversariam Ela parabenizava... E falava o nome, mesmo sem ninguém avisar. A Ângela, minha irmã que batizei no dia do meu casamento, esteve lá no dia de seu aniversário e a mensagem foi dirigida a ela, tenho a gravação. Quando estávamos lá em Piedade fazíamos vigília durante a noite caminhando até a arvore e subíamos no tablado onde as crianças se posicionavam, fazia muito frio, tínhamos que enrolar nas nossas cobertas e ficar muito próximas umas das outras... Entravamos em orações... Notávamos que as estrelas baixavam, que clareavam o tablado dava-se a ideia de que podíamos alcançá-las com as mãos.
Ao clarear o dia os pássaros de todos os tamanhos cantavam até a seriema, o pintassilgo, a coruja e todos que estavam por ali. Quando chegava a hora da aparição Ela agradecia a vigília e comentava o canto dos pássaros como se tivesse presenciado tudo. Dizia que eram louvores a Deus, os cantos dos pássaros.
Não posso deixar de testemunhar um natal... Sempre Ela dizia, “hoje vocês vão ter uma surpresa...” E acontecia algo! Então na tarde de natal Ela falou, “prestem atenção... Vai ter surpresa...” Qual foi? A meia noite chegaram na porta da capelinha o cachorro que dormia debaixo do banco, o boi que estava debaixo da mangueira deitado, as galinhas que estavam nos poleiros, os patos que ficavam na lagoa. Foi um espanto, ninguém esperava por isso. No dia seguinte Ela falou da surpresa e disse agora não vou dar mais sinais visíveis, será somente nos corações.
Se for contar tudo que vi em Piedade não escreverei outra coisa... Mas a história continua... Quero esclarecer que depois de certo tempo, formamos aqui a nossa caravana que era um povo fiel que não faltava, o ônibus estava repleto em todas as viagens, as pessoas eram sempre as mesmas já tínhamos formado um grupo grande que comungava a mesma fé.

As quintas feiras após a missa na catedral, as pessoas da caravana se reuniam e ainda outras que gostavam de rezar conosco em meu ateliê, devia ser umas sessenta pessoas, o espaço era pequeno, às vezes se espalhavam pelo corredor, após rezarmos o terço, líamos na bíblia à palavra de Deus e meditávamos as passagens, colocando-as em nossas vidas... Eram momentos fascinantes, de meditação. ·.
Mas os filhos achavam que eu deviria ir costurar em minha casa e sair do aluguel, da sala e outras despesas como com auxiliares, em certo ponto tinham razão, estava muito difícil, mas eu temia ficar sem o grupo ali, pedia a Deus que aparecesse um lugar de livre aceso para nos reunirmos, e o povo não perder o vinculo com aqueles momentos santos.

Uma tarde nas aparições, Nossa Senhora nos disse que se ficarmos na escuta, em silencio absoluto, Deus poderia nos falar no coração... Pensei... “Essa duvida, Preciso mudar, mas e o grupo?” “O que fazer com esse povo?” Já estava acostumado a ir ali... Então, durante a missa das dezoito horas após a comunhão fiquei na escuta, só pedia que queria um lugar para o grupo... Senti uma voz que dizia no meu coração... “O PROBLEMA É MEU E DE MINHA MÃE...”.
No dia seguinte Sandra arranja um caminhão e chega lá para pegar minhas maquinas e tudo que eu tinha e levar-me para casa era um final de semana, no domingo uma amiga me liga oferecendo uma casa dela que estava desocupada e que poderia usar a vontade. Era uma casa grande, perto da catedral lugar ideal, a casa tinha sido uma escola e tinha toda uma infraestrutura, muitos lugares para assentar, diversos sanitários, era mesmo uma benção...
Agora a preocupação, eram as clientes irem onde estou... Mas, deu muito certo, trabalhava sozinha, mas tinha bem menos despesas e preocupações com pagamentos era só a prestação da casa, que pagava com o valor do feitio de dois vestidos. Paguei em vinte três anos sempre com o valor de dois vestidos.
Kelly minha filha caçula, agora fazia faculdade de educação física, tinha um carro velho para andar, morávamos em nossa casa, não mais de aluguel, assim que se formou foi para BH trabalhar e fazer uma pós-graduação, ficou lá por algum tempo, depois que voltou, montou no quintal de nossa casa uma escola de natação e hidroginástica, com o dinheiro que recebeu dos acertos comprou um piscina grande e estruturou a escola.
O ponto é bom fica na esquina do colégio e no bairro não tem concorrente, ela estava mesmo satisfeita com sua profissão.



Virgem de Piedade do Gerais




Hoje, tenho que escrever uma história muito especial... Acreditem se quiserem, só posso afirmar que foi tudo verdade, não ha motivo para dizer o contrario... Todos os dias eu parava meu serviço às dezoito horas, ia à missa na catedral de Santa Teresinha, depois voltava e continuava as costuras até as vinte duas horas, às vezes era a ultima a sair do edifício.
Um dia após a missa me encontrei com uma amiga que me disse que estava indo a Piedade dos Gerais, lá estava acontecendo uma coisa estranha, as crianças do lugar estavam vendo Nossa Senhora em uma arvore, em uma gruta, eram crianças pequenas e muito simples, me contou também que pessoas de muitos lugares estavam indo lá. Senti naquele momento no coração uma vontade grande de ir junto com Maire.
Nos encontramos no dia seguinte de novo depois da missa, fomos conversar, tinha mais detalhes... Para minha surpresa, chegou ao meu atelier uma senhora com o marido, queria fazer um vestido, e disse-me que tinha estado em Piedade dos Gerais, e que tinha voltado muito impressionada com o que acontecia naquele lugar, foi em oitenta e sete contou-me também que o padre e o povo do lugar não acreditavam, mas que as pessoas viam sinais incríveis...
O que impressionava mais eram as crianças que nem sabiam falar direito, e transmitiam as mensagens com um palavreado correto e cheio de doçura, elas sentiam a hora do chamado, não era preciso lembra-las, podiam estar em lugares diferentes que na hora das mensagens geralmente as três e meia elas subiam para o monte junto a arvore na gruta.
O sol dava sinais incríveis qualquer pessoa podia ver. Tudo bem fiquei com muita vontade de ir neste lugar parecia mesmo um chamado. Combinamos de ir em uma sexta feira à noite, iríamos para Patos de Minas e lá tinha uma caravana que saia para a peregrinação em Piedade às vinte duas e trinta. Teríamos que chegar a tempo, voltaríamos no domingo às vinte duas de Patos para Uberlândia.·.
Cheguei em casa, encantada com a ideia de ir ouvir o que a Mãe do céu tinha para dizer-me, não medi esforços, preparamos matulas e partimos em oração. Chegamos a Patos o ônibus especial já estava nos esperando para partir. Vocês nem podem imaginar o que vivi naqueles dias... A presença viva da Virgem Maria naquele lugar de tamanha simplicidade... É difícil falar de Piedade... Piedade se vive... Piedade apaixona... Não tem como explicar, era tudo tão primitivo... Não tinha nada a não ser uma casa velha, uma família muito simples, algumas crianças filhas do casal outras crianças que tinham sido abandonadas, que eles cuidavam e muita oração e AMOR...
Chegamos pela manhã bem cedo o ônibus não descia no vale, a estrada precária e descida perigosa... Parou na porteira, pegamos nossa pouca bagagem e descemos morro a baixo, no vale um pequeno lago com alguns patos, junto outra porteira com algumas pessoas com florzinhas do campo nas mãos para nos oferecer e cantavam para nos receber. Era possível notar a alegria nos seus olhares. Apresentaram-se e nos convidaram para acompanha-los para uma pequena capela inacabada, apenas uma cruz e um quadro de Nossa Senhora de Piedade pintado à mão que vim, a saber, que foi Da. Teresinha, quem fez o retrato falado da Santa, no fundo da pequena capela um monte de feijão nas palhas para serem debulhados.
Serviram-nos café e chá. Era o que tinham, mas como havíamos levado algumas coisas para comer repartimos. Ficamos por ali ouvindo a história do começo das aparições,o senhor Antonio contava, mostrava de longe as crianças cujas vozes a Virgem usava para revelar sua presença viva no meio de nós. Contou-nos também que às vezes, no começo, a Virgem chamava as crianças no meio da noite, elas se levantavam e se dirigiam para a arvore, ele então as acompanhava isso aconteceu diversas vezes.
Eram três, duas meninas e um menino, somente uma menina falava a mensagem, os outros viam e ficavam em êxtase, podiam furar de alfinetes que não tinham nenhum reflexo, alguns psicólogos faziam isso para se cerificarem se realmente elas estariam inconscientes. A hora marcada todos subiam, para o monte e se instalavam debaixo da arvore e depois de rezar o terço, fazer alguns cantos, começava um grande silencio e todos se levantavam. De repente começava a bela mensagem de amor... Dizia que todos que estavam ali tinham sidos convidados por ela! Ela o havia chamado para estar ali naquela hora, naquele momento, podia se notar as flores que estava enfeitando o tablado, as que eram brancas ficavam amarelas, até mesmo as roupas na hora da mensagem ficavam ou amarelas ou lilás todos podiam ver, que beleza...
Olhávamos para os campos e os enxergávamos floridos, depois da mensagem voltavam ao normal, ha quem diz que é sugestão... Mas ela dizia, “Deixe cada um pensar o que quiser para cada um tem o seu dia...” Terminada a mensagem, fomos tomar banho para descansar. Nesta primeira vez que fui a Piedade o que mais me deixou pensativa foi no momento do almoço, vou tentar descrever a cena... Havia um fogão a lenha baixinho, onde faziam a comida para todos, panelas pequenas um jirau com alguns pratos de plástico, alguns talheres e uma bica de água que vinha de uma nascente e jorrava sem parar. Colocaram em cima do jirau um tabuleiro com angu, outro de tamanho médio com couves colhidas na pequena horta, um caldeirão de feijão e uma caçarola média de arroz.
Haviam chegado mais uns três ônibus lotados, o povo foi descendo e formando fila para o almoço, imaginei ao todo umas 200 pessoas... Pensei cá comigo, “essa comida não vai dar nem pra começar...” Me assentei em um banco perto do jirau e a bica, observava o pessoal se servindo, comendo e lavando o prato na bica e outras pessoas se servindo pratos cheios, até que chegou minha vez, pude constatar que as panelas ainda tinham muita comida, apesar de mais da metade dos presentes já ter se servido, coloquei a minha comida, um tanto suficiente para matar minha fome, me assentei perto, não podia perder o momento de chegar alguém e não ter mais comida. Mas não foi isso o que presenciei...
A minha comida estava muito quente, apesar das panelas já estarem no jirau há bastante tempo destampadas, comi... Comi... E comi, já estava saciada e minha comida não acabava!... Embaixo de meu banco havia um cachorro dormindo, pensei em dar a comida para ele, quando passou a Francisca uma moça que mora lá de voluntária e falei que minha comida estava muito quente e que já estava satisfeita e a comida não acabava... Ela respondeu-me, “você pensou que não fosse dar?” Eu disse “sim”, ela falou, “aqui sempre dá pra todos não precisamos nos preocupar, quando pensamos que a despensa está vazia chega alguém trazendo uma doação, Nossa Senhora não deixa faltar.”.
Lá não se vendia nada, não se pedia nada, você usava tudo deles tomava banho com chuveiro elétrico comia e não pagava nada. Lá era uma pequena área de terra do Sr Antonio e do pai dele, um riacho divida as duas terras, algumas vaquinhas que davam o leite para as crianças, um pequeno terreno onde plantavam feijão e faziam uma horta para o sustento, algumas pessoas estavam vindo e construindo pequenas casas e moravam ali, o terreno das casas o Sr Antonio dava, ele não se apegava a nada também não vendia, simplesmente tudo seria de todos assim era uma comunidade.
Na primeira vez que fomos, ficamos sabendo como era todo o ritual, à tarde após o banho e o jantar, todos se aprontavam para subir o morro, em uma trilha coberta de cascalhos e estreita, para cortar caminho. Iríamos à missa na igrejinha da cidade, que ficava repleta de peregrinos, os homens se assentavam de um lado da igreja e as mulheres em outro, o padre já de idade avançada não consentia que se assentassem juntos, era o costume do lugar, se mostrava satisfeito de ver sua paróquia lotada...
Mas não acreditava nos acontecimentos. Na igreja tinha o terço às dezessete horas somente das crianças era uma beleza, cada uma representava sua família era um lugar de paz total... Não se ouvia som alto nem confusão, na volta para o vale, uma distancia de uns três quilômetros. Em silencio, fila indiana, às vezes precisava dar as mãos para não cair na descida, uma vez não havia lua clara devia ser nova, ao descer escorreguei, tinha um buraco muito grande na pirambeira, pude ver, e até mostrar para outras pessoas, que também viram uma luz imensa azul no fundo do buraco, entendi que Ela nos mostrava os perigos... Como mãe amável não despreza seus filhos...
Depois da reza do oficio de Nossa Senhora na capelinha, fomos descansar o dia tinha sido cheio de surpresas. Lembram-se da colheita de feijão que estava no fundo da capelinha? Foi lá que nos acomodamos nos cobrimos com nossas cobertas e deitamos, o cansaço era muito. Pela manhã, bem cedo nos servíamos de café com pão e chá eram o que tinham ganhado, voltávamos para casa após a missa do domingo, agora em outra igreja que tinha começado a ser construída há quarenta anos e ainda faltava terminar, essa era muito grande, para mais de mil pessoas, parecia que Nossa Senhora precisava terminar aquela igreja, grande, sabia que viria muita gente.
Com o coração transbordando com os ensinamentos da Mãe... Bem a bíblia diz, “quem tiver ouvidos que ouça quem tiver olhos que vejam.” Deus não descuida de sua criação, manda uma mãe trazer recados... Para gente simples e pecadores, para mim falar do que vi, lá naquele santo lugar, me emociona. Às vezes chegava em casa de volta, com o coração pleno... E não dizia nada... Não tinha clima, me olhavam como se eu estivesse vindo de uma lavagem cerebral... 

Durante três anos fui todo mês a Piedade, tenho muitos relatos importantes daquele belo lugar, conheci pessoas maravilhosas, Por exemplo, o Neto moço bonito fez agronomia, estava lá cuidando de crianças abandonadas reformou a casa da mãe e fez abrigo para os pequenos, dava gosto ver dando mamadeiras aos bebês, também conheci a Cida menina rica, filha de gente importante, do governo da época, que morava em Brasília ficava lá, morando em uma barraca, tocava violão para acompanhar os cantos, e dava catequese para as crianças, com doações fizeram uma bela igreja de Nossa Senhora, terminaram a capelinha onde as sextas feiras rezavam o oficio.
A igreja católica não propaga o que acontece lá. A ciência tenta explicar a seu modo, chegam a dizer que é fanatismo, querem afastar a fé das pessoas, mas Piedade é real Fátima também levou 30 anos para que a igreja reconhecesse... Ela é cautelosa... Estou esperando isso acontecer. Vou continuar a escrever sobre este lugar divino tenho uma bagagem muito grande para revivenciar. E partilhar.



sexta-feira, 6 de julho de 2012

A fábrica de cadeiras




Agora o pai estava só... Não falava não se lamentava, apenas suspirava... Aquilo era de cortar o coração, tiramos as coisas dela para doar, cada peça, lembrava uma passagem engraçada... ela era muito divertida, os vestidos que eu fazia e dava de presente, antes de abrir o pacote ela perguntava, será que Armando vai gostar? A preocupação era de agradar o filho, se ele não gostasse, ela evitava vestir na presença dele.

Caso Armando falasse que estava lindo, então esse era para durar e usava feliz. Havia uma moça trabalhando lá e continuou por alguns tempos, mas estava ficando muito só, ele ainda era da moda antiga, as pessoas chegavam para pedir alguma coisa ele mandava entrar e pedia a moça para fazer café e por a mesa para servir, não conhecia as maldades de cidades grandes. Precisava arranjar alguma coisa para ele fazer... Um dia, José Carlos disse que ia abrir um boteco, era só comprar umas cadeiras e mesas e estava pronto.
Papai logo se prontificou, vou fazer pra você, basta comprar as tabuas e uma serra e eu faço. Trouxeram uma tabua, um serrote alguns pregos, foi um achado... Ficava o dia todo cortando, lixando, batendo pregos. Um dia ele saiu, foi a uma madeireira, comprou bastante madeira, serra elétrica, lixas, colas e tudo que tinha direito, foi preciso levar as compras de caminhão!
Então, primeiro, uma mesa para colocar a serra, tudo isso no fundo do quintal do lado do vizinho! Esqueceu-se do barulho e do pó das madeiras, Iniciou o trabalho... Era aquele barulhão o dia todo, a serragem... Essa acabou com o gramado do jardim, mas ele fez cadeiras fez cadeiras... E foi depositando no jardim de inverno, esse não abria mais as janelas que davam para o jardim eram montes de cadeiras trabalhou de sol a sol, não se queixava, já tinha feito umas quarenta, só tinha um, porém, as cadeiras não equilibravam as pernas não eram iguais, sempre uma era maior que a outra.
Não sei dizer o que fizeram com tantas cadeiras e reclamação de vizinhos... Foi preciso outro caminhão para tirar o lixo!  Ângela, o levou para morar com ela, assim foi melhor, gosta muito do João, gostava de beber uma cervejinha com ele, nisso o tempo ia passando... Sempre que alguém ia sair ele se prontificava a abrir o portão da garagem com o controle, era novidade para ele e gosta de servir... Uma vez ele abriu e o João foi saindo... Só que não esperou, antes de passar a metade do carro ele fechou e o portão foi fechando rápido, ele ficou em apuros, ia amassar o carro novo do João! Não lembrava como parar... Só dizia "é preciso! é preciso!” Mas João ficou esperto!

Kenia depois do casamento foi morar em Itumbiara Goiás, no dia que completou um ano do falecimento da mamãe, nasceu Marco Túlio, o primeiro filho. Foi um dia de muita alegria, Kenia estava em nossa casa e pudemos curtir o garoto, ajuda-la a cuidar, os primeiros banhos, era mês de muito frio, junho, ele acordava a noite e chorava, todos davam palpites, uns diziam que era fome outros que era frio, outros que era dor de barriga e ai vai.
Ele dormia no carrinho, uma noite coloquei um colchão no chão perto do menino, sem os pais verem, peguei Marco Túlio e coloquei-o junto de meu corpo na minha cama, adivinha? Dormiu a noite toda sem acordar e chorar, os pais já estavam muito cansados de tanto se levantar as noites nem deram falta do menino, pela manhã, Geraldo foi ao quarto e nos viu dormindo abraçados, se assustou, e falou, ”dona Zélia, a senhora mata o menino!” Foi muito engraçado a cara do pai... Serviu pra saber que era frio que Marco Túlio sentia.
Depois de quatro anos nasceu Alexandre, morava ainda em Itumbiara, foi um dia de festa ela estava em nossa casa quando precisou correr para o hospital, esse foi mais fácil cuidar já tinham treinado com Marco Túlio. Kenia quando vinha em Uberlândia mandava fazer latas de biscoitos, o carro vinha lotado de coisas para os meninos.
Um dia olhei nas quitandas e falei, nem sei qual vou comer! Marco Túlio, bem pequeno me respondeu esse aqui é de melhor qualidade! Era pão húngaro, o que mais gostava. Alexandre sempre foi critico e divertido, o negócio dele era imitar as pessoas desde pequeno. Ouvia o carro da pamonha e começava a imitação, embolava tudo, tinha que falar depressa e não conseguia, não podia rir dele que emburrava e ficava bravo... Os aniversários em Itumbiara era o que tinha de mais divertido, eles contratavam palhaços e a brincadeira era das melhores. 

Morávamos em nossa casa reformada, e trabalhava no centro da cidade, já tinha conseguido economizar e comprado um carro usado em boas condições, um Fiat amarelo, isso foi antes do casamento da Kenia, havia me esquecido desta parte... Estando motorizada suavizavam os problemas, ou tinha arranjado outros, compramos na feira de carros, escolhemos muito, foi difícil para decidir o dinheiro era curto e os melhores não podíamos, eram caros. Kelly estava junto, escolhendo e o namorado também... Palpites é que não faltavam, quando nos deparamos com o amarelinho, nos encantamos foi amor à primeira vista... Contamos a grana, não dá então Humberto disse, “eu empresto o que falta, mas a senhora vai levar esse, é o melhor que tem aqui.” Fomos falar com o dono e pedir desconto, então ele nos disse, “pode ficar com o carro vocês me pagam depois não tenho pressa vou precisar do dinheiro só no final do mês.” há, respiramos fundo... Mas fizemos questão de dar aquele que tínhamos na hora com o compromisso de que assim que o banco abrisse na segunda feira levaria o restante, ai, já saíram da feira dirigindo, ninguém tinha habilitação, a alegria era contagiante, todos queriam dirigir um pouco menos eu que ficava só observando, agora poderia morar em qualquer lugar do mundo... Serviu para elas irem para as faculdades a noite e não dependiam mais do transporte coletivo, desse dia em diante não ficamos mais sem carro.