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sexta-feira, 6 de julho de 2012

A fábrica de cadeiras




Agora o pai estava só... Não falava não se lamentava, apenas suspirava... Aquilo era de cortar o coração, tiramos as coisas dela para doar, cada peça, lembrava uma passagem engraçada... ela era muito divertida, os vestidos que eu fazia e dava de presente, antes de abrir o pacote ela perguntava, será que Armando vai gostar? A preocupação era de agradar o filho, se ele não gostasse, ela evitava vestir na presença dele.

Caso Armando falasse que estava lindo, então esse era para durar e usava feliz. Havia uma moça trabalhando lá e continuou por alguns tempos, mas estava ficando muito só, ele ainda era da moda antiga, as pessoas chegavam para pedir alguma coisa ele mandava entrar e pedia a moça para fazer café e por a mesa para servir, não conhecia as maldades de cidades grandes. Precisava arranjar alguma coisa para ele fazer... Um dia, José Carlos disse que ia abrir um boteco, era só comprar umas cadeiras e mesas e estava pronto.
Papai logo se prontificou, vou fazer pra você, basta comprar as tabuas e uma serra e eu faço. Trouxeram uma tabua, um serrote alguns pregos, foi um achado... Ficava o dia todo cortando, lixando, batendo pregos. Um dia ele saiu, foi a uma madeireira, comprou bastante madeira, serra elétrica, lixas, colas e tudo que tinha direito, foi preciso levar as compras de caminhão!
Então, primeiro, uma mesa para colocar a serra, tudo isso no fundo do quintal do lado do vizinho! Esqueceu-se do barulho e do pó das madeiras, Iniciou o trabalho... Era aquele barulhão o dia todo, a serragem... Essa acabou com o gramado do jardim, mas ele fez cadeiras fez cadeiras... E foi depositando no jardim de inverno, esse não abria mais as janelas que davam para o jardim eram montes de cadeiras trabalhou de sol a sol, não se queixava, já tinha feito umas quarenta, só tinha um, porém, as cadeiras não equilibravam as pernas não eram iguais, sempre uma era maior que a outra.
Não sei dizer o que fizeram com tantas cadeiras e reclamação de vizinhos... Foi preciso outro caminhão para tirar o lixo!  Ângela, o levou para morar com ela, assim foi melhor, gosta muito do João, gostava de beber uma cervejinha com ele, nisso o tempo ia passando... Sempre que alguém ia sair ele se prontificava a abrir o portão da garagem com o controle, era novidade para ele e gosta de servir... Uma vez ele abriu e o João foi saindo... Só que não esperou, antes de passar a metade do carro ele fechou e o portão foi fechando rápido, ele ficou em apuros, ia amassar o carro novo do João! Não lembrava como parar... Só dizia "é preciso! é preciso!” Mas João ficou esperto!

Kenia depois do casamento foi morar em Itumbiara Goiás, no dia que completou um ano do falecimento da mamãe, nasceu Marco Túlio, o primeiro filho. Foi um dia de muita alegria, Kenia estava em nossa casa e pudemos curtir o garoto, ajuda-la a cuidar, os primeiros banhos, era mês de muito frio, junho, ele acordava a noite e chorava, todos davam palpites, uns diziam que era fome outros que era frio, outros que era dor de barriga e ai vai.
Ele dormia no carrinho, uma noite coloquei um colchão no chão perto do menino, sem os pais verem, peguei Marco Túlio e coloquei-o junto de meu corpo na minha cama, adivinha? Dormiu a noite toda sem acordar e chorar, os pais já estavam muito cansados de tanto se levantar as noites nem deram falta do menino, pela manhã, Geraldo foi ao quarto e nos viu dormindo abraçados, se assustou, e falou, ”dona Zélia, a senhora mata o menino!” Foi muito engraçado a cara do pai... Serviu pra saber que era frio que Marco Túlio sentia.
Depois de quatro anos nasceu Alexandre, morava ainda em Itumbiara, foi um dia de festa ela estava em nossa casa quando precisou correr para o hospital, esse foi mais fácil cuidar já tinham treinado com Marco Túlio. Kenia quando vinha em Uberlândia mandava fazer latas de biscoitos, o carro vinha lotado de coisas para os meninos.
Um dia olhei nas quitandas e falei, nem sei qual vou comer! Marco Túlio, bem pequeno me respondeu esse aqui é de melhor qualidade! Era pão húngaro, o que mais gostava. Alexandre sempre foi critico e divertido, o negócio dele era imitar as pessoas desde pequeno. Ouvia o carro da pamonha e começava a imitação, embolava tudo, tinha que falar depressa e não conseguia, não podia rir dele que emburrava e ficava bravo... Os aniversários em Itumbiara era o que tinha de mais divertido, eles contratavam palhaços e a brincadeira era das melhores. 

Morávamos em nossa casa reformada, e trabalhava no centro da cidade, já tinha conseguido economizar e comprado um carro usado em boas condições, um Fiat amarelo, isso foi antes do casamento da Kenia, havia me esquecido desta parte... Estando motorizada suavizavam os problemas, ou tinha arranjado outros, compramos na feira de carros, escolhemos muito, foi difícil para decidir o dinheiro era curto e os melhores não podíamos, eram caros. Kelly estava junto, escolhendo e o namorado também... Palpites é que não faltavam, quando nos deparamos com o amarelinho, nos encantamos foi amor à primeira vista... Contamos a grana, não dá então Humberto disse, “eu empresto o que falta, mas a senhora vai levar esse, é o melhor que tem aqui.” Fomos falar com o dono e pedir desconto, então ele nos disse, “pode ficar com o carro vocês me pagam depois não tenho pressa vou precisar do dinheiro só no final do mês.” há, respiramos fundo... Mas fizemos questão de dar aquele que tínhamos na hora com o compromisso de que assim que o banco abrisse na segunda feira levaria o restante, ai, já saíram da feira dirigindo, ninguém tinha habilitação, a alegria era contagiante, todos queriam dirigir um pouco menos eu que ficava só observando, agora poderia morar em qualquer lugar do mundo... Serviu para elas irem para as faculdades a noite e não dependiam mais do transporte coletivo, desse dia em diante não ficamos mais sem carro.


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