O passado não se apaga, assume outras roupagens... Trazer o passado para o presente às vezes nos deixa temerosos, por fazer entender ao nosso modo aquilo que vivemos, ou o que ficamos sabendo por comentários, nem sempre estamos presentes em tudo que acontece, mas isso não nos impede de contar o que ouvimos.
Ha pouco tempo meu irmão Armando, achou por bem convidar alguns parentes do lado de nossa mãe, aqueles primos que brincaram juntos, partilharam a mesma juventude, muitas coisas teriam para recordar... Marcaram o encontro em sua fazenda próximo a BH.
Dia marcado, agora seriam os
preparativos, ele estava preocupado sem imaginar quantas pessoas viriam, calculou
por alto umas cinquenta, comprou uns cem quilos de carne para churrasco, contratou
churrasqueiro... Qual sua surpresa quando começaram a chegar, ônibus de Três
Marias lotado de pessoas, ônibus de Curvelo também lotado, todos tiravam
instrumentos de musicas, bandas e violas, se apresentavam, famílias inteiras
estavam ali, que beleza! Pessoas que ha anos não se viam, vieram também de
diversos lugares, a casa ficou repleta, ele ficou um pouco preocupado pensando
que precisaria comprar mais comidas, mas não era necessário, todos traziam,
colchões, e barracas, eu fui à única que não estava presente.
Foi uma festa maravilhosa... Dançaram
toda a noite, contaram causos, recordaram brincadeiras da juventude... Cantaram,
e pela manhã celebraram a Santa missa com um primo sacerdote que por coincidência
estava passando férias no Brasil.
Nesta festa, minha irmã Lucia ficou conhecendo um primo distante, ou melhor, já se conheciam de pequenos, com o tempo, e a distância não se lembravam, ali iniciou um namoro, porque não dizer uma paixão.
Logo pós a missa, cantada, chegou o momento dos discursos de agradecimentos, disseram-me que foi muita emoção, as pessoas não seguravam o pranto, as despedidas não tinha fim, abraçavam e abraçavam de novo, soluços e pedido de reprises... Está para acontecer a qualquer momento, o reencontro, desta vez não perco por nada...
A paixão da Lucia e do Theo continuou... Era só felicidade, parecia que um estava reservado para o outro, ficaram noivos, ele já tinha se divorciado da primeira esposa antes de conhecer Lucia, então não haveria empecilho. Foi um tempo de muitas idas e vindas, ele em Goiânia e ela em BH, viveram esse romance com muito amor... Só se falava nisso, as solteiras ficaram ouriçadas querendo colocar o nome nos babados do vestido da noiva, foi feito uma grande lista de nomes de solteiras... Colaram com fita crepe, e aquilo ficou ali arranhando as pernas da noiva, a felicidade era tanta que nada importava.·.
Começaram os preparativos para o
casamento, era muito trabalho, mudanças para Goiânia, compra de apartamento lá,
porque é onde ele trabalha, ela apesar da agitação do momento estava tranquila
pois já aposentada, não precisava se preocupar com trabalho.
O casamento foi em Curvelo, terra natal
dos dois, uma bela festa, Theo, mandou vir de Goiânia o conjunto que tocou por
toda a noite, as famílias se reuniram, e podemos novamente encontrar os amigos
e parentes. Os noivos estavam radiantes nem precisa dizer, no dia
seguinte viajaram em lua de mel, voltamos para nossas casas felizes por
participar desta união.
Como sempre que passa uma coisa tem outra já a caminho, agora todos sabem que a próxima será os CEM ANOS de papai, o tempo não espera... Os preparativos estão
prestes a começarem. Chegou a hora de fazer listas de nomes novamente, agora não se poderá esquecer ninguém, a família terá que se reunir... Também não é todo dia que alguém faz cem anos.
Como tudo na vida tem o começo meio e
fim, Eu estou chegando ao fim com minhas histórias, já não me faltam muito para
contar... Apenas complementar algumas partes que me passaram despercebidas, sei
que ainda vou me lembrar de muitas coisas que não poderia ter deixado para trás,
sei também que serei criticada... E cobrada por tudo que escrevi ou deixei de
escrever, em breve estarei encerrando, pedindo desculpas da liberdade que tomei
em descrever coisas que talvez não deveriam ser relatadas... Peço também
desculpas pelo meu jeito de expressar, nem sempre fui clara, mas nunca havia
pensado que um dia escreveria um livro.
Quero que fique como uma lembrança... Como
uma caminhada de 77 anos de altos e baixos mais baixos que altos e que
passou... Como uma brisa, às vezes mansa às vezes como um tornado, mas que
passou também.
Espero que alguns de meus netos ou bisnetos folheando as paginam, possam perceber o valor da família... Apenas isso, será para mim o suficiente... Apenas isso me realisa... Como comecei termino, AMO TODOS.
Agradeço a Deus por estar presente em minha vida, minha família que me incentivou, meus amigos dos blogs que com carinho pediram-me que não desanimasse e seguisse com coragem, a minha amiga de muitos anos Ione Vieira que me prestou um grande trabalho, sem ela eu não seria capaz de realizá-lo, Ao Vilmar Barros de Oliveira, que me socorreu sempre que tinha alguma dúvida, em fim meu irmão Armando que me mandou os causos que tinha guardado para serem lembrados futuramente. Ao Soares onde ele estiver quero que saiba, que ele não me deixou bens materiais, mas, me deixou um tesouro maior que o mundo, meus filhos... É tudo que tenho de mais precioso, obrigado por tudo, pela paciência, compreensão, e carinho.
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