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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A rede



Foi assim... O tempo ia passando naquela cidade pequena, onde todos se conheciam e tomavam parte em sua vida... Os mesmos costumes, a tarde colocar as cadeiras no passeio juntar a família, fazer uma panela de pipocas e conversar... Ou melhor, comentar os acontecidos do dia, sempre alguém tinha noticia nova, as crianças pequenas ficavam correndo na rua e brincando de pega pega.
As mães com os recém-nascidos nos braços, para que fossem elogiados. Sempre alguém dizia que gracinha! Parece com o pai, era sempre a mesma conversa. Não havia nada para distrair, nem imaginava que chegaria o tempo em que poderíamos nos comunicar tão facilmente, e que tudo estava para acontecer a passos de gigantes.
Não havia preocupação no amanhã, era trabalhar para o hoje! Nem sei dizer se isso era bom. Vivia-se dentro do possível, tirando os coronéis, todos eram iguais. Nas simplicidades e no modo de viver.
Chegando o dia do batizado da Tânia, mamãe mandou fazer um almoço para receber os convidados, era sempre assim, frango ao molho, macarronada com bastante queijo, arroz de forno, nunca mais comi outro igual... Lembro-me com saudades. Só quem participou sabe de que estou falando. O batizado da Sandra, foi em BH, a madrinha seria minha sogra e papai, um de cada lado para não causar reparo, foi feito também o almoço na casa do sogro, não me lembro bem o cardápio.
Com essa ida a BH o Soares aproveitou para ir ao mercado municipal, era o lugar predileto para descobrir as coisas, quando voltou me disse que agora sim... Tinha encontrado lá um alemão que ensinou pra ele como fazer sabonetes, era uma formula desconhecida no Brasil, debaixo de sete chaves, ensinava a fabricar. Voltamos para Curvelo, passou meses e meses, fazendo planejamento dos custos para a produção, inclusive da margem de lucro na comercialização, investimentos etc.
Armando ainda era adolescente e tinha tempo para ouvi-lo, podia mostrar a ele, todas as contas. Eram cartolinas e mais cartolinas cheias de cálculos, cujo lucro era sensacional, pois ia vender um produto de altíssima qualidade, nos supermercados, e a preços mais acessíveis. Conclusão: Comprou todo o equipamento, panelas, caçarolas, tachos e etc.
Quando preparou o sabonete, não prestou mais uma vez, fez outras tentativas, porém em vão. Infelizmente só teve prejuízos, de nada adiantaram suas planilhas e cálculos. Em nossa casa existia uma área livre entre a passagem da parte intima para a cozinha. Neste local, resolveu colocar uma rede, para curtir os seus momentos de lazer. Era possuidor de uma imensidão de ferramentas, pois parecia que este era seu hobby.
Existia em Curvelo uma grande casa de ferragens, ficava bem no centro na rua principal, Foi até lá comprou um maço de pregos grandes e pregou os ganchos da rede. Convidou meus pais e irmãos, inclusive alguns tios para assistirem a inauguração da rede. Assim que deitou na rede os ganchos se soltaram, pois havia batido muitos pregos e rachou a madeira do mourão, ele caiu com as costas no cimento o que causou alguns ferimentos, com a queda, não teve como ninguém ali segurar o riso. Ele apelou, ficou diversos dias sem olhar na cara dos convidados.
Fatos como este, tenho diversos, meu irmão Armando, temendo cair no esquecimento, estes casos engraçados, estava fazendo um rascunho, como comecei a escrever PROSA MINEIRA, ele achou por bem enviar-me, fiquei agradecida. Eu me lembrava, mas não com tamanha exatidão.
Armando, tencionava escrever um livro com as histórias, sempre falava para o soares, ele ria, achava boa a idéia. Não deu tempo o soares nos deixou... Ficaram suas histórias para nossa alegria, sei que onde estiver vai pensar... "O Armando me paga...” “Ele não escreveu, mas deu para Zélia escrever...” Lembro- me de você Soares com saudades, seu jeito de ser jamais será esquecido... Suas lembranças, jamais serão apagadas... As passagens de sua vida, sempre hão de ser lembradas.
Tem coisas que não podem morrer juntas... Elas ficam em nossas memórias como relíquias, mesmo aquelas que nos magoaram, deixaram de existir... Simplesmente passou, como uma brisa. Você será eternamente inesquecível... Quando eu não puder mais contar minhas memórias, com certeza estarão escritas para os que vierem depois.

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