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domingo, 5 de junho de 2011

Gerais

Perto, assim, uma distancia pra fazer à cavalo, morava tia Benedita irmã de minha mãe, o lugar se chama Gerais terra de muita areia, serrado e águas limpas e frias, as colinas repletas de margaridas do campo uma beleza da natureza. Ela era muito simples e ficou viúva bem cedo com os filhos todos pequenos e, também nasceram ali do jeito que DEUS quis; naquela época o pessoal da roça como eram chamados não tinham a saúde publica, ou melhor, assistência no pré-natal vinham ao mundo sem nenhum preparo, muitos morriam até antes de nascer. Ela tinha algumas cabeças de gado que o marido deixou e alguns cavalos, mas vivia com dificuldades, sempre preocupada com a educação dos filhos. Ela tinha grandes virtudes, firme na oração e no desejo de vencer, qualquer pessoa podia perceber a presença forte de DEUS naquela família. O marido tinha sido muito bom e companheiro e morreu muito jovem. Às vezes o padre ia até lá pra rezar missa, era como em casa de minha vó o povo ajuntava e agente como sempre ia no carro de boi, mais ai as primas e parentes que moravam por ali iam juntos só isso era o bastante para fazermos as estripulias. Repetia tudo... Tudo igual... Repetia de novo os festejos. Lá ouvi dizer que o vizinho não conhecia caminhão ele nunca tinha ido a cidade e que um dia, um cara corajoso conseguiu sair de Curvelo e subir a serra no caminhão, chegou na casa, não tinha ninguém tinham saído todos para jogar cartas em outro compadre, as vacas já estavam apartadas para tirar o leite pela manhã, deitadas em frente da porteira ruminando e mugindo, a lua cheia tudo claro céu estrelado, o caminhão tava ali, farol apagado esperando chegar alguém, de longe ouviu-se as prosas cada um queria falar mais alto que o outro risadas, aquele tanto... Aproximando-se do pátio o cara acende os faróis, sai todo mundo correndo tropeça nas vacas que levantam e assustadas saem em disparada. Pensaram ser coisa do outro mundo, aquele bicho daquele tamanho só podia ser... Deram trabalho pra entender aquela maquina estranha. Passaram a noite ouvindo explicações, depois ficaram amigos e deram até uma volta com gente na boleia e na carroceria isso serviu pra ficar na minha historia. Acabando os festejos só resta voltar, e as famílias se dirigirem pras suas casas. Meu vô Evaristo criou um afilhado desde pequeno não conheci seus pais, mas ele era muito querido por todos, prestativo alegre era o Geraldo Batista, nós o chamávamos só de Batista era pau de toda obra, correr pra pegar galinha era com ele mesmo, buscar cavalo no pasto, tratar de galinhas, de porcos, fazia tudo com prazer, era nosso companheiro nas brincadeiras topava tudo, até ajudar mentir pra não levar castigos. Batista ficava ali, frequentava escola lá mesmo. Eu volto para a minha que estava esperando para terminar o terceiro ano, já que termina essa vida boa, terei que ir para Curvelo fazer a quarta serie e tudo vai ser diferente. Na ocasião meus irmãos ainda não tinham idade pra ir a escola somente eu que era a mais velha. Começava a pensar como seria longe de minhas amigas a vida iria ser um tédio só, imagina ficar sem as estripulias... As bagunças... Seria muito triste, não podia suportar, Era demais... Assim eu pensava. Tinha que aproveitar o máximo, aquele tempo era muito divertido tudo ali. Desta vez o neném que mamãe estava esperando não nasceu. Pelas conversas das comadres sempre as escondidas, porque essas coisas crianças não podiam saber, então os assuntos eram de portas fechadas. Como no tempo de seca o gado perdia peso, o pai precisava fazer ração para alimentá-lo, foi feito um buraco profundo na frente da casa deveria medir uns 20 metros de diâmetro por 3 de profundidade, era mesmo um buracão, a terra que tirou ficou em volta tornando assim mais fundo. Costumávamos em noite de lua juntar os vizinhos pra brincar de esconde esconde, nessa hora entravam todos na brincadeira, as crianças, os jovens, os pais, não tinha coisa igual na diversão, tinha dado uma chuva e o buraco ficou com um pouco de água, ali tinha caído um sapo, o pai tinha verdadeiro pavor de sapo, e no corre-corre pra pegar com a terra molhada e escorregando, o pai procurando se defender não é que escorregou e caiu dentro do buraco! Ai acabou a brincadeira, ele gritava por socorro não conseguia sair, o barranco era alto e escorregadio o sapo tava lá assustado, a meninada pulava e ria da situação, jogavam cordas, não deu, quanto mais tentava mais enlameado ficava e gritando com medo até que se lembraram da escada e foi possível retirá-lo, estava irreconhecível de tanto barro, assim que saiu teve de correr pra tomar banho no rio porque de bacia era impossível. No dia seguinte o sofrimento pra lavar as roupas sem nenhuma reclamação... Logo ele providenciou de encher o buraco de ração, eles cortavam as canas passavam na picadeira, picavam capim milhos e tudo que precisava para fazer a ração, depois cobriam aquilo e ficavam assim preparados para receber a seca que com certeza viria.

4 comentários:

  1. Muito gostoso ler seus textos Zélia. Viajamos por entre suas palavras.

    Um beijo em seu coração e um ótimo início de semana para você!

    Verinha

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  2. Zelia, assino em baixo no que a Verinha disse, e gosto muito de ler os seus textos, que é te ler né querida?! Tenha uma linda semana, bjokitas com carinho!

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  3. Verinha e Meire fico muito feliz com seus comentarios,eles me animam a continuar a minha jornada.Otima semana pra vcs beijos.

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  4. Mãe , me lembro desses buracos acredita ? Qdo pequena íamos passar férias na fazenda de Vô e esses buracos nos pareciam enormes e nos causava mto medo rsrsrs.. engraçada a história do sapo e imagino como se divertiram nesse dia ..bjsss te amo

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