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domingo, 8 de julho de 2012

Virgem de Piedade do Gerais




Hoje, tenho que escrever uma história muito especial... Acreditem se quiserem, só posso afirmar que foi tudo verdade, não ha motivo para dizer o contrario... Todos os dias eu parava meu serviço às dezoito horas, ia à missa na catedral de Santa Teresinha, depois voltava e continuava as costuras até as vinte duas horas, às vezes era a ultima a sair do edifício.
Um dia após a missa me encontrei com uma amiga que me disse que estava indo a Piedade dos Gerais, lá estava acontecendo uma coisa estranha, as crianças do lugar estavam vendo Nossa Senhora em uma arvore, em uma gruta, eram crianças pequenas e muito simples, me contou também que pessoas de muitos lugares estavam indo lá. Senti naquele momento no coração uma vontade grande de ir junto com Maire.
Nos encontramos no dia seguinte de novo depois da missa, fomos conversar, tinha mais detalhes... Para minha surpresa, chegou ao meu atelier uma senhora com o marido, queria fazer um vestido, e disse-me que tinha estado em Piedade dos Gerais, e que tinha voltado muito impressionada com o que acontecia naquele lugar, foi em oitenta e sete contou-me também que o padre e o povo do lugar não acreditavam, mas que as pessoas viam sinais incríveis...
O que impressionava mais eram as crianças que nem sabiam falar direito, e transmitiam as mensagens com um palavreado correto e cheio de doçura, elas sentiam a hora do chamado, não era preciso lembra-las, podiam estar em lugares diferentes que na hora das mensagens geralmente as três e meia elas subiam para o monte junto a arvore na gruta.
O sol dava sinais incríveis qualquer pessoa podia ver. Tudo bem fiquei com muita vontade de ir neste lugar parecia mesmo um chamado. Combinamos de ir em uma sexta feira à noite, iríamos para Patos de Minas e lá tinha uma caravana que saia para a peregrinação em Piedade às vinte duas e trinta. Teríamos que chegar a tempo, voltaríamos no domingo às vinte duas de Patos para Uberlândia.·.
Cheguei em casa, encantada com a ideia de ir ouvir o que a Mãe do céu tinha para dizer-me, não medi esforços, preparamos matulas e partimos em oração. Chegamos a Patos o ônibus especial já estava nos esperando para partir. Vocês nem podem imaginar o que vivi naqueles dias... A presença viva da Virgem Maria naquele lugar de tamanha simplicidade... É difícil falar de Piedade... Piedade se vive... Piedade apaixona... Não tem como explicar, era tudo tão primitivo... Não tinha nada a não ser uma casa velha, uma família muito simples, algumas crianças filhas do casal outras crianças que tinham sido abandonadas, que eles cuidavam e muita oração e AMOR...
Chegamos pela manhã bem cedo o ônibus não descia no vale, a estrada precária e descida perigosa... Parou na porteira, pegamos nossa pouca bagagem e descemos morro a baixo, no vale um pequeno lago com alguns patos, junto outra porteira com algumas pessoas com florzinhas do campo nas mãos para nos oferecer e cantavam para nos receber. Era possível notar a alegria nos seus olhares. Apresentaram-se e nos convidaram para acompanha-los para uma pequena capela inacabada, apenas uma cruz e um quadro de Nossa Senhora de Piedade pintado à mão que vim, a saber, que foi Da. Teresinha, quem fez o retrato falado da Santa, no fundo da pequena capela um monte de feijão nas palhas para serem debulhados.
Serviram-nos café e chá. Era o que tinham, mas como havíamos levado algumas coisas para comer repartimos. Ficamos por ali ouvindo a história do começo das aparições,o senhor Antonio contava, mostrava de longe as crianças cujas vozes a Virgem usava para revelar sua presença viva no meio de nós. Contou-nos também que às vezes, no começo, a Virgem chamava as crianças no meio da noite, elas se levantavam e se dirigiam para a arvore, ele então as acompanhava isso aconteceu diversas vezes.
Eram três, duas meninas e um menino, somente uma menina falava a mensagem, os outros viam e ficavam em êxtase, podiam furar de alfinetes que não tinham nenhum reflexo, alguns psicólogos faziam isso para se cerificarem se realmente elas estariam inconscientes. A hora marcada todos subiam, para o monte e se instalavam debaixo da arvore e depois de rezar o terço, fazer alguns cantos, começava um grande silencio e todos se levantavam. De repente começava a bela mensagem de amor... Dizia que todos que estavam ali tinham sidos convidados por ela! Ela o havia chamado para estar ali naquela hora, naquele momento, podia se notar as flores que estava enfeitando o tablado, as que eram brancas ficavam amarelas, até mesmo as roupas na hora da mensagem ficavam ou amarelas ou lilás todos podiam ver, que beleza...
Olhávamos para os campos e os enxergávamos floridos, depois da mensagem voltavam ao normal, ha quem diz que é sugestão... Mas ela dizia, “Deixe cada um pensar o que quiser para cada um tem o seu dia...” Terminada a mensagem, fomos tomar banho para descansar. Nesta primeira vez que fui a Piedade o que mais me deixou pensativa foi no momento do almoço, vou tentar descrever a cena... Havia um fogão a lenha baixinho, onde faziam a comida para todos, panelas pequenas um jirau com alguns pratos de plástico, alguns talheres e uma bica de água que vinha de uma nascente e jorrava sem parar. Colocaram em cima do jirau um tabuleiro com angu, outro de tamanho médio com couves colhidas na pequena horta, um caldeirão de feijão e uma caçarola média de arroz.
Haviam chegado mais uns três ônibus lotados, o povo foi descendo e formando fila para o almoço, imaginei ao todo umas 200 pessoas... Pensei cá comigo, “essa comida não vai dar nem pra começar...” Me assentei em um banco perto do jirau e a bica, observava o pessoal se servindo, comendo e lavando o prato na bica e outras pessoas se servindo pratos cheios, até que chegou minha vez, pude constatar que as panelas ainda tinham muita comida, apesar de mais da metade dos presentes já ter se servido, coloquei a minha comida, um tanto suficiente para matar minha fome, me assentei perto, não podia perder o momento de chegar alguém e não ter mais comida. Mas não foi isso o que presenciei...
A minha comida estava muito quente, apesar das panelas já estarem no jirau há bastante tempo destampadas, comi... Comi... E comi, já estava saciada e minha comida não acabava!... Embaixo de meu banco havia um cachorro dormindo, pensei em dar a comida para ele, quando passou a Francisca uma moça que mora lá de voluntária e falei que minha comida estava muito quente e que já estava satisfeita e a comida não acabava... Ela respondeu-me, “você pensou que não fosse dar?” Eu disse “sim”, ela falou, “aqui sempre dá pra todos não precisamos nos preocupar, quando pensamos que a despensa está vazia chega alguém trazendo uma doação, Nossa Senhora não deixa faltar.”.
Lá não se vendia nada, não se pedia nada, você usava tudo deles tomava banho com chuveiro elétrico comia e não pagava nada. Lá era uma pequena área de terra do Sr Antonio e do pai dele, um riacho divida as duas terras, algumas vaquinhas que davam o leite para as crianças, um pequeno terreno onde plantavam feijão e faziam uma horta para o sustento, algumas pessoas estavam vindo e construindo pequenas casas e moravam ali, o terreno das casas o Sr Antonio dava, ele não se apegava a nada também não vendia, simplesmente tudo seria de todos assim era uma comunidade.
Na primeira vez que fomos, ficamos sabendo como era todo o ritual, à tarde após o banho e o jantar, todos se aprontavam para subir o morro, em uma trilha coberta de cascalhos e estreita, para cortar caminho. Iríamos à missa na igrejinha da cidade, que ficava repleta de peregrinos, os homens se assentavam de um lado da igreja e as mulheres em outro, o padre já de idade avançada não consentia que se assentassem juntos, era o costume do lugar, se mostrava satisfeito de ver sua paróquia lotada...
Mas não acreditava nos acontecimentos. Na igreja tinha o terço às dezessete horas somente das crianças era uma beleza, cada uma representava sua família era um lugar de paz total... Não se ouvia som alto nem confusão, na volta para o vale, uma distancia de uns três quilômetros. Em silencio, fila indiana, às vezes precisava dar as mãos para não cair na descida, uma vez não havia lua clara devia ser nova, ao descer escorreguei, tinha um buraco muito grande na pirambeira, pude ver, e até mostrar para outras pessoas, que também viram uma luz imensa azul no fundo do buraco, entendi que Ela nos mostrava os perigos... Como mãe amável não despreza seus filhos...
Depois da reza do oficio de Nossa Senhora na capelinha, fomos descansar o dia tinha sido cheio de surpresas. Lembram-se da colheita de feijão que estava no fundo da capelinha? Foi lá que nos acomodamos nos cobrimos com nossas cobertas e deitamos, o cansaço era muito. Pela manhã, bem cedo nos servíamos de café com pão e chá eram o que tinham ganhado, voltávamos para casa após a missa do domingo, agora em outra igreja que tinha começado a ser construída há quarenta anos e ainda faltava terminar, essa era muito grande, para mais de mil pessoas, parecia que Nossa Senhora precisava terminar aquela igreja, grande, sabia que viria muita gente.
Com o coração transbordando com os ensinamentos da Mãe... Bem a bíblia diz, “quem tiver ouvidos que ouça quem tiver olhos que vejam.” Deus não descuida de sua criação, manda uma mãe trazer recados... Para gente simples e pecadores, para mim falar do que vi, lá naquele santo lugar, me emociona. Às vezes chegava em casa de volta, com o coração pleno... E não dizia nada... Não tinha clima, me olhavam como se eu estivesse vindo de uma lavagem cerebral... 

Durante três anos fui todo mês a Piedade, tenho muitos relatos importantes daquele belo lugar, conheci pessoas maravilhosas, Por exemplo, o Neto moço bonito fez agronomia, estava lá cuidando de crianças abandonadas reformou a casa da mãe e fez abrigo para os pequenos, dava gosto ver dando mamadeiras aos bebês, também conheci a Cida menina rica, filha de gente importante, do governo da época, que morava em Brasília ficava lá, morando em uma barraca, tocava violão para acompanhar os cantos, e dava catequese para as crianças, com doações fizeram uma bela igreja de Nossa Senhora, terminaram a capelinha onde as sextas feiras rezavam o oficio.
A igreja católica não propaga o que acontece lá. A ciência tenta explicar a seu modo, chegam a dizer que é fanatismo, querem afastar a fé das pessoas, mas Piedade é real Fátima também levou 30 anos para que a igreja reconhecesse... Ela é cautelosa... Estou esperando isso acontecer. Vou continuar a escrever sobre este lugar divino tenho uma bagagem muito grande para revivenciar. E partilhar.



Um comentário:

  1. Dona Zélia,que linda história,e eu sou testemunha de algumas delas pois estive lá também com a senhora e a Selma...lembra???Muito abençoado o lugar,tenho vontade de voltar e o farei assim que puder!!!!

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