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domingo, 10 de julho de 2011

Semear

Após as queimadas, com as chuvas tudo se renova, a vida parece recomeçar. Os campos se cobrem em matizes de verdes, as arvores enchem de brotos, as aves fazem seus ninhos, as andorinhas, e beija flores passeiam pelos ares é mesmo uma beleza sem igual, e o cheiro da terra molhada... Convite a plantação, é tempo de o grão morrer na terra para multiplicar-se e gerar vidas é DEUS derramando suas bênçãos para que o homem possa sobreviver. As flores brotam do nada, para que as pequenas abelhas recolham seu sustento.
A natureza exuberante louva o Senhor por tamanha dádiva. Em tudo ha alegria, no semblante do homem rude que trabalha sem medir esforço para sustentar sua família, rosto queimado pelo sol forte, molhado de suor do cabo da enxada. Pés descalços chapéu furado, família a espera da volta pra casa para um pouco de descanso até o amanhecer, assim é a vida do campo. Meu pai precisava mudar pra Curvelo, ia ter que vender aquelas terras que tanto amava, aquele povo com um laço de amizade formado, gente simples de coração sincero, crianças que cresceram juntas e precisar se separar. Tudo isso era muito difícil para ser resolvido rápido. Ele queria um tempo, era melhor esperar mais um pouco.
Minha mãe esperando outro filho. Estava de novo completando enxovalzinho eram só algumas coisas que já estavam gastas. Era preciso levá-la em Curvelo para fazer uma consulta já tinha tido cinco filhos sem ir ao médico. Ela teve diversos abortos, e era hora de se cuidar. Durante a viagem ela não passou bem. O médico achou por bem que ela fizesse repouso por alguns dias, então ela ficou em Curvelo com as crianças pequenas em casa de minha tia irmã do pai. Eu voltei com ele, não podia perder aulas. Achei bom porque todo lugar que ele ia tinha que me levar. Um dia vô Domingos manda chamá-lo, tinha lá um compadre que queria vender um gado, eles sempre faziam negócios juntos. Eu também fui, chegando lá, o homem estava assentado na sala do radio. Naquele tempo o povo cuspia demais, e escarravam, usavam cheirar rapé, as mulheres mais velhas mascavam fumo, faziam cigarros de palha, era uma coisa esquisita... Na sala do vô tinha até uma escarradeira com um cabo pra colocar onde fosse preciso. Era uma peça bem bonita prateada. Quando vi que o homem estava cuspindo no chão peguei a escarradeira e levei pra perto dele, ele cuspiu do outro lado, levei para o outro lado ele foi do outro, depois ele ficou bravo comigo e disse: “Tira isso daqui senão vou cuspir dentro!” respondi logo: “Isso mesmo! pode cuspir é isso que quero!” Na volta pra casa, eu estava no meu cavalo baio bom pra correr e marchador, papai disse: “Vamos ver quem chega primeiro em casa?” Pus-me a galopar morro a cima papai também foi num fôlego só, chegamos juntos. Os cavalos conheciam as estradas como ninguém. Pela manhã, voltei pra escola sozinha encontrava com as meninas de José Ferreira na descida do beco. Na hora do recreio, procurar Lagoa e passar susto nele pra ouvir dizer: “... Coitado do pobre Lagoa operado coitado...”

5 comentários:

  1. Zelia.. vi que tinha post novo e vim conferir [:)].. me encanto muito com a forma como narra.. muito bacana!

    Uma beijoca super em seu coração..
    Verinha

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  2. Interessante!

    Grata pelo carinho sempre! Astucia pra nós!

    bjs meus...

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  3. Zelia, vim agradecer teu jeitinho meigo, ao falar do meu céu, amei o carinhoso comentários!
    Ofereço-te o meu selinho que foi feito com muito carinho!

    Beijinhos
    Suzy

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  4. É tão bom passar por aqui e ler estas maravilhas! Obrigada por partilhar connosco as suas histórias de vida!
    Um abraço de Portugal
    Bjinhos
    Isabel e Lucília

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  5. ESSE BLOG É MUITO INTERESSANTE,VOU VOLTAR AKI MAIS VESES PRA TE FAZER ALGUMAS VISITINHAS.BEIJOS!!!

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